quinta-feira, 24 de dezembro de 2009

domingo, 20 de dezembro de 2009

Mar - Miguel Torga

O livro que eu li tem por título "Mar" e foi escrito por Miguel Torga.
Nos três actos que fazem parte desta obra, são abordadas histórias intriguístas. As histórias que circulam de "boca em boca" estão muito presentes, o que torna este livro uma obra representativa de um certo modo de vida, a vida do povo, tão do agrado de Miguel Torga.
Os três actos contam-nos a história do suicídio de Rosa e dos diferentes boatos que se fizeram ouvir na "Taberna dos pescadores" a propósito dessa morte.
Como disse na apresentação do PIL, a personagem que mais me supreendeu foi a Mariana que, apesar de ouvir todas as versões destas histórias, manteve sempre uma posição firme, relativamente às restantes, pois guardou todas as histórias que ouviu e nunca fez delas boatos.
É uma obra dramática de leitura agradável e, à medida que a lemos, deparamo-nos com algumas lições que, cada vez mais, se aplicam ao nosso dia-a-dia.


Francisca Macara, 11.ºD

sábado, 19 de dezembro de 2009

Nunca Nada de Ninguém - Luísa Costa Gomes

O livro que escolhi ler foi "Nunca nada de ninguém" de Luísa Costa Gomes.

A primeira coisa que chama a atenção neste livro, ao visualizarmos a capa, é o título, que é constituído por três palavras com valor muito negativo e uma preposição, esta aliteração do "n" reforça uma ideia absurda e sem sentido.

Esta peça de teatro é constituída por três actos e três interlúdios (breve episódio que entrecorta a sequência normal dos actos).

Os textos têm diversas personagens sem nada, aparentemente, que as ligue, a não ser o esvaziamento e o absurdo da sua existência.

As personagens sem nome próprio não deixam, porém, de ter uma grande consistência psicológica, o que evidencia o que têm em comum: a solidão. Elas retratam a sociedade moderna, cosmopolita, desde o marginal ao alto-burguês. Estas personagens sem nome são, também, de certa forma, estereótipos.

Ao longo da peça sobressai um grande sentimento de angústia e negatividade existencial face ao desacordo das vidas que se cruzam.

Bárbara Tavares

sexta-feira, 18 de dezembro de 2009

O Vagabundo das Mãos de Ouro - Romeu Correia

Albino andava de aldeia em aldeia, nas feiras e romarias, a fazer as suas peças de teatro, uma vez que é ele que as faz com a ajuda do Zé. Albino tinha um grande problema: a bebida, às vezes, até chegava a ficar maluco.
Ele fazia as peças de teatro com o Zé e deixavam-se levar pelos sentimentos, pois tudo o que eles representavam estava ligado à sua vida real. Embora Albino tentasse esquecer, não conseguia, então, transmitia os seus sentimentos para o público através das marionetas.
A história começa com Cláudia que queria mudar de vida, pois já estava farta da vida que levava, de sofrer e de esperar por Albino já que este a tinha abandonado quando estava grávida de Hortense. Ela decide casar-se novamente, ter outra vida, viver outra aventura, pois tinha esse direito. Contudo ela ainda amava Albino. Cláudia ia casar-se com Aleixo, mas ainda ninguém sabia; andava o rumor pela aldeia, mas ninguém tinha a certeza de nada. Mónica vai a casa de Cláudia para ver se já estava tudo preparado e Cláudia manda sair Hortense. Hortense vai a fonte e, ao vir para casa, começa a ser gozada pelas pessoas da aldeia. Começam a olhá-la de outra maneira e a fazer perguntas: Quando chega o teu padrasto? Essa agua é para ele? etc.. Hortense, sem perceber o que se estava a passar, começa a correr e, quando chega a casa, começa a contar a sua mãe. Cláudia, então, conta-lhe a verdade e esta não aceita, pois vai ser mal vista na aldeia, uma vez que as pessoas tinham uma mentalidade antiquada. Tudo o que fosse novo não era aceite e se uma mulher arranjasse outro homem era mal vista e considerada uma mulher da vida.
A mãe de Cláudia também lhe dizia que aquilo que ela ia fazer também não estava certo e se o homem que ela teve não lhe chegava… Cláudia revolta-se e diz que ninguém tem o direito de a julgar e que ela tem o direito de fazer a sua vida, pois Albino abandonou-a.
De repente, aparece Aleixo mais Ernesto em casa de Cláudia para marcarem as coisas. Hortense não se sentou à mesa porque não aceitava e a avó, que tanto criticou, sentou-se à mesa…
Depoi de almoçarem, Cláudia, Mónica, Ernesto e Aleixo saíram e a avó ficou em casa. Hortense critica a avó e começa a chorar. A avó conta-lhe que o seu pai está vivo e que tem mãos de ouro. Hortense fica muito contente e decide ir à procura do seu pai.
Neste momento, Albino emociona-se e Hortense ganha vida. Ela começa a falar com ela e diz-lhe que o seu pai está vivo e que ia à procura dele, pois ele tinha umas mãos de ouro. Ela diz que sim, que sabe disso tudo e começa a gritar com o Zé para que ele começasse a vestir as marionetas… Queria mudar, queria fazer outra peça, visto que estava a sentir-se mal, porque estava a lembrar-se da sua vida passada…
Hortense foge e ele começa a fazer outra peça.
No segundo acto entram as mesmas personagens, mas com outros nomes e em outras vidas. Hortense volta e começa a participar na peça. Ela aparece em casa de uma família burguesa, numa discussão e ela aparece muito engraçada, calma, meiga e a brincar. D. Elisa estava confusa: como foi ela parar ali?, e perguntava-lhe quem era ela e ela dizia que era a Hortense. Ela não estava a gostar da brincadeira e chama a criada, pensando que era uma amiga dela, mas esta enganou-se. Leonardo dizia à mãe para ficarem com ela, que era muito engraçada e que queria fazer um retrato dela. A mãe começa a discutir com ele e Honorato, Clara e Leonardo começam-se a rir dela. Honorato estava farto de Elisa, pois esta não lhe dava amor, só o criticava. Ela só pensava em ter dinheiro, luxo e o trabalho do marido era uma trabalho sujo e Honorato não gostava, pois era graças ao seu trabalho que ela comprava as suas coisas e sustentava a casa.
Eles vão-se embora e Honorato começa a abraçar Hortense, a dizer que ela era muito bonita, e que iam fugir os dois para longe, sem ninguém saber.
Hortense começa a gritar e a pedir ajuda à sua mãe e à sua tia Mónica. Ela consegue soltar-se e foge para os braços de Leonardo.
No terceiro acto, Hortense entra em estado de loucura, pois começa a confundir as pessoas, visto que começa a chamar a Leonardo Leandro, chama a Honorato Aleixo etc... D. Elisa pensa que ela é doente e acalma-a adormecendo-a. Quando ela adormeceu, começou a sonhar e chamava pela sua família, até que vomitou sangue para almofada e eles pensaram que era serradura, fugindo dela, porque pensavam que era uma doença contagiosa. Leonardo foi o único que não fugiu, porque gostava dela e não ia abandoná-la. De repente, entra pelo palco Albino, dizendo que lhe querem roubar Hortense. Zé continua a representar…
Dagoberto dá uma novidade à família, dizendo que Albino foi internado no manicómio porque ficou doido.
Assim acaba a peça de teatro e o mestre Albino chora e embala os farrapos da boneca, que era Hortensa e começa a relembrar a sua infância.

Telma Coelho, n.º23, 11.ºE

O Indesejado - Jorge de Sena

1ºActo: a história passa-se em Lisboa, no mês de Agosto de 1980, no início de uma linda tarde, no salão do paço da ribeira. Sentados a uma mesa encontram-se vários fidalgos, entre eles estava presente D. Francisco de Portugal, o Conde Vimosa, Duarte de Castro, Manuel da Silva Coutinho, António Baracho. Estes, enquanto bebiam, cantavam uma quadra:
-Viva el-rei D.Henrique
no inferno muitos anos
que deixou em testamento
Portugal aos Castelhanos!

De repente entra D. António e o bispo da guarda e, à chegada destes, todos se levantam.
D. António fala aos senhores que o duque de Alba tinha desembarcado em Lisboa. Depois começa uma conversa sobre a vida de D. António e da sua família. Ele tinha que salvaguardar a ordem e todos gritavam "arraial, arraial, por D. António de Portugal". Saem todos, ficando só D. António e o bispo. D. António ainda não era rei, pois o verdadeiro rei tinha morrido na batalha de Alcácer. De repente entra um criado e avisa que D. Filipa queria falar com ele. Este diz a Duarte de Castro e a Diogo Botelho para os deixarem a sós. D. Filipa, o meio da conversa, diz que o ama, que queria casar com ele, mas este disse que não a amava, pois poderia ser vista como irmã dos seus filhos e como sua filha. D. António tira um anel do seu dedo e oferece-lho, e ela rejeita, de seguida beija-lhe a mão, mas são interrompidos por Diogo Botelho que lhe vem dizer que o povo o cercava.
2ºActo: passa-se em Angra, na Ilha Terceira, no mês de Outubro de 1582, numa sala com cadeirões esbeltos e mesas.
É de noite e Duarte de Castro e Cipriano de Figueiredo conversam na sala. Figueiredo diz que estava com D. António quando ele precisasse dele. Durante a conversa, são interrompidos por D. António que lhes diz que vai partir, e estes interrogam-no com questões do tipo “Quando?” e “E para onde?” Este responde que ainda não sabe. Ao sair Duarte de Castro da sala, entra Baracho, querendo fazer algumas perguntas a D. António. Este dizia a Figueiredo que Duarte de Castro o queria matar, pois todos os seus amigos e inimigos o queriam ver morto.
3ºActo: passa-se em Londres, no ano de 1589, numa sala mobilada, com uma janela virada para a rua, onde está D. António e Diogo Botelho. D. António está a confessar-se a Frei Agostinho e Diogo Botelho que está presente ouve um barulho igual ao de uma carruagem e vem ver o que é. Depois da confissão, D. António levanta-se para ver quem é, entrado Diogo Botelho com Lady Harriet. Esta só queria o seu anel este deu-lho e ela foi-se embora. Após a sua saída, recebe um convite de Sua Alteza para ir ao palácio, mas ele não aceita.
4ºActo: passa-se em Rueil, local próximo de França, no mês de Agosto de 1595, ao entardecer, nos aposentos de D. António.
Ao levantar do pano, D. António encontra-se a escrever, junto dele está o seu filho D. Cristóvão, Diogo Botelho e Cipriano de Figueiredo. Escrevia que ia morrer e seu filho e os restantes diziam-lhe que ele iria durar muitos anos. Mas este encontrava-se muito doente, então, Diogo Botelho, numa súbita iluminação, percebe o que ele estava a dizer e finge que está a segurar a coroa.
D.António diz-lhe para ele repetir o que dizia enquanto lhe metia a coroa. Começaram então:
"-Em nome do padre, do filho e do espírito santo, D. António o primeiro de seu nome, rei de Portugal e do Algarve".
Após isto, D. António morre nos braços de Diogo Botelho.

Cátia Marlene, n.º11, 11.ºE

quinta-feira, 17 de dezembro de 2009

A Vizinha do Lado - André Brun

"A Vizinha do Lado apresenta uma tese e a tese é portuguesíssima. Nela se pretende demonstrar, com factos verosímeis, que nunca devemos desesperar nas situações mais complicadas da vida, que o destino tudo resolve por si e modifica a nossa existência duma hora para a outra. Ele se encarrega de desfiar as meadas mais complicadas e resta-nos apenas esperar que nos guie e faça de nós o que muito bem entender."

Andreia Tomás

A Vizinha do Lado - André Brun

O livro que eu li intitula-se a "Vizinha do Lado" e é da autoria de André Brun. É uma comédia representada em 4 actos, escrita em 1913. "A Vizinha do Lado" foi adaptado ao cinema por António Lopes Ribeiro e contou com o talento de grandes actores como António Silva, Nascimento Fernandes e António Vilar.
A peça foi representada pela primeira vez no Teatro do Ginásio de Lisboa, em 1945.
A acção decorre num prédio lisboeta, um pouco antes da 1.ª Guerra Mundial.
Tudo começa com uma conversa entre o senhor Jerónimo e a criada de cima (ambos coscuvilheiros e que queriam saber tudo), pois na noite anterior a criada de cima tinha ouvido uma discussão entre o senhor Saraiva e a mulher. O senhor Saraiva era um mulherengo, pois andava sempre atrás de qualquer rabo de saia. A mulher, nessa noite, tinha tratado muito mal o senhor Saraiva, pois o senhor Saraiva tinha tido uma amante espanhola e agora tinha uma francesa, chamada Marcella, uma francesa deliciosa de quem ele recebia cartas perfumadas, com cheiro a violeta…
Por sua vez, Eduardo espera pela sua companheira Isabel, que tinha saído de casa de mau humor e levara a chave com ela, pois ele queria entrar em casa e não tinha chave. É aqui que começa uma conversa com o Jerónimo (homem coscuvilheiro, mas um bom senhor e bom conselheiro), em que falam de Isabel, que já tinha ameaçado Eduardo de se matar. Ao lado, Mariana toca piano mas muito mal e Eduardo começa a dizer-lhe que já não suporta ouvir mais aquele piano e que qualquer dia mata o piano, a velha (D. Adelaide, tia de Mariana e madrinha) e Mariana.
Eduardo recebe uma carta do pai a anunciar que em breve receberia a visita do tio Plácido (Tio de Eduardo, e professor de Moral em Famalicão e antigo namorado de D. Adelaide). O tio vinha de Famalicão para Lisboa para ver a vida do sobrinho, que tinha vindo para Lisboa estudar Medicina e acabara de fazer peças para o teatro das Barbaridades onde ele e Isabel trabalhavam, e não andava a estudar medicina…
Eduardo avisa Jerónimo (guarda - portão do prédio) que, se visse um homem gordo e que andasse à procura dele, para lhe dizer que se tinha mudado nessa manhã, pois ele não queria receber o tio, porque não tinha a vida que os pais e o tio pensavam que ele tinha. Sai do prédio ao lado de Mariana e Eduardo apaixona-se por ela. Foi amor à primeira vista.
Passado algum tempo, aparece Isabel, que começa a discutir com Eduardo, dizendo que já tem outro homem e que o ama e que esse homem lhe deixou um bilhete de visita. Eduardo leu o bilhete e verificou que era do seu tio Plácido. Ficou em estado de choque, pois não queria ter o seu tio em casa dele…
Isabel vai para a cozinha fazer o almoço. Faz ovos estrelados. Eduardo põe-se no parapeito da janela a ver a rua, onde vê o seu tio a olhar para o prédio. Esconde-se, mas não adianta, porque, passado alguns minutos, tocam a campainha e quem era? O seu tio Plácido e o guarda – portão! Isabel esconde-se na cozinha a estrelar os ovos e a fritar os bifes.
Depois, Eduardo tenta dar a volta ao tio e convence-lo a voltar para Famalicão, que por ali estava tudo bem e que os estudos de Medicina corriam muito bem.
Isabel faz barulho na cozinha o que faz desconfiar Plácido que pergunta o que se passa e Eduardo diz que aquilo não é a cozinha que é o laboratório e que deviam ser os ratos.
Isabel continua a fazer barulho, Plácido entra e dá de caras com Isabel. O sobrinho ainda tenta mentir ao tio, mas não consegue, este acaba por descobrir toda a verdade acerca do seu sobrinho Eduardo.
Enquanto Isabel acaba o almoço, Eduardo põe-se no parapeito da janela a mirar Mariana, pois já estava apaixonado por ela. Isabel repara que Eduardo está a olhar para Mariana e pega na frigideira com os ovos e arruma com os ovos fritos na cara de Mariana que fica toda amarela.
Chega a casa D. Adelaide e pergunta a Mariana o que se tinha passado para estar toda amarela, cheia de ovo, mas esta não conta o que se tinha passado. De tanto a tia insistir, Mariana conta tudo à madrinha, esta chama Jerónimo para chamar um polícia e de preferência que tenha pêra ou barba.
Jerónimo, para não arranjar confusões no prédio, vai avisar o Eduardo e o seu tio Plácido.
Plácido, homem bem-educado e bem apresentado, vem falar com D. Adelaide e pedir-lhe desculpas. Com tanta conversa, estes acabam por descobrir que já tinham sido namorados em tempos antigos, isto é, quando eram adolescentes. Entretanto chega Eduardo a casa de D. Adelaide, a quem pede desculpas por aquilo que se tinha passado. Com tudo resolvido, põem-se a escutar Mariana a tocar piano.
Isabel desaparece… Vai dar uma volta…
Em casa de D. Adelaide está um clima de amor e ternura. Eduardo conversa com Mariana e diz-lhe que está apaixonado por ela e ela diz-lhe que também está apaixonada por ele.
Isabel vem para casa e vê Eduardo a sair de casa de Mariana. Acabam por discutir, e cada um segue o seu futuro. Mariana fala com Isabel e pede-lhe desculpas por ela se ter apaixonado por Eduardo e Isabel diz que não faz mal, que eles eram muito diferentes um do outro e que aquilo não dava em nada.
Plácido casa com D.Adelaide e Eduardo casa com Mariana.
Saraiva vai para casa pedir desculpas à mulher pelas traições, e promete-lhe que nunca mais vai traí--la.
Isabel segue a sua vida sem Eduardo…
Gostei muito de ler este livro, pois é um livro muito cómico e, por isso, muito agradável de ler.

Andreia Tomás, 11.ºE, N.º 7

Henriqueta Emília da Conceição - Mário Cláudio

"Pico - pico quem te deu tamanho bico, foi a pulga da balança, deu um pulo e pôs-se em França. Rei, capitão, soldado, ladrão, menina bonita do meu coração. Dorme e dorme, meu menino, que a mãezinha logo vem, foi lavar os teus paninhos na fontinha de Belém. Ai, ai, ai, minha machadinha, quem te pôs a mão, sabendo que és minha, sabendo que és minha, também eu sou tua, salta machadinha, para o meio da rua. Bom barqueiro, bom barqueiro, deixai-me passar, tenho filhos pequeninos, para acabar de criar, passarás e passarás, mas há-de ficar, se não for o da frente há-de ser o de trás."

Este excerto mostra-nos como Henriqueta não se encontrava em bom estado, sinal evidente dos seus distúrbios mentais, após a morte de Teresa.

Vânia Morais, n.º25, 11.ºE

Henriqueta Emília Conceição - Mário Cláudio

O livro que eu li intitula-se Henriqueta Emília da Conceição.

Este livro fala-nos do regresso de Henriqueta Emília da Conceição, personagem principal, com cujo regresso todos os seus amigos ficam muito contentes.

Henriqueta conta que um senhor brasileiro se interessou por ela na feira de São Lazaro, dizendo que ela era uma mulher viúva, mas prendada, e, Henriqueta, entusiasmada com aquilo que o senhor brasileiro lhe disse, até deixou cair a carteira! O senhor brasileiro, muito cavalheiro,apanhou-lhe logo a carteira e, nesse momento, convidou-a para irem os dois para um hotel, ali perto...

Depois, como todos tinham inveja de Henriqueta, ela sentia-se mal, por isso era Teresa Maria quem a consolava. Nesse dia, depois de a confortar, como estava muito em baixo, já não tinha cabeça para ir para casa, por isso. Henriqueta aconselha-a ficar lá em casa. Henriqueta vai buscar um cobertor, e, assim, adormeceram as duas na sua cama.

Mas para Teresa adormecer Henriqueta teve de lhe contar uma historia que era sapateiro

A cena seguinte passa-se no quarto de Henriqueta. Henriqueta fala com D. Carlota para esta ajudar Teresa, que diz que não a ajuda porque Teresa foi habituada no luxo e não a consegue ajudar. D. Carlota não percebe como é que Henriqueta se ligou tanto a Teresa, aquela diz que se ligou a ela por pena, quando apareceu em sua casa a chorar.

A cena seguinte passa-se ao pé da sepultura de Teresa, onde se encontram D.carlota, Henriqueta e o coveiro.

O coveiro explica a Henriqueta que a morte é dolorosa, mas Henriqueta não consegue ultrapassar aquele momento, pois sente muito a falta da sua amiga.

O corpo de Teresa, no caixão, começa a decompor-se e, por isso, o coveiro aconselha Henriqueta a livrar-se da alma de Teresa porque é muito perigosa. Aconselha-a a colocar a alma de Teresa num frasco, a cozer durante duas horas, e, depois de fechar o frasco, a livrar-se dele.

O acto seguinte decorre no quarto de Henriqueta e, ao fundo, observa-se a sepultura de Teresa com uma cruz altíssima. Eduardo D' Artayet procurou Henriqueta no Porto há dois dias e finalmente encontra-a. Este diz a Henriqueta que no Egipto. onde ele estivera, havia uma estátua muito parecida com ela. Eduardo D'Artayet repara que Henriqueta estava muito triste e, então, sugere-lhe que desabafe, mas esta diz-lhe que tudo aquilo que se passou ele já sabe. Então, para ver Henriqueta feliz, decide convidá-la para passarem uns dias numa quinta no Douro.

D.Carlota já estava farta de ouvir Henriqueta e decide ir embora para sua casa, porque já estava farta de ouvir a amiga sempre a defender Teresa.

De repente, batem à porta da casa de Henriqueta. Era a polícia que queria saber toda a verdade sobre Henriqueta, pois ela escondia alguma coisa em casa e o chefe da polícia queria saber. Se ela não contasse a verdade, ia remexer toda a casa o que daria muito trabalho.

Como Henriqueta não se decide a contar o que realmente esconde, o chefe da polícia manda o agente Judas abrir o sacrário, mas quando se vai a dirigir ao sacrário, Henriqueta trata-o mal e é ela própria que abre o sacrário. Não se responsabiliza, porém, pelo que pode acontecer, mas, mesmo assim, o chefe da polícia não quer saber e insiste em que ela vá abrir o sacrário... vê-se, então, lá dentro, a cabeça de Teresa iluminada.

Assim. o cadáver de Teresa é apreendido e tem um funeral normal. Henriqueta espera pelo julgamento do qual sai em liberdade, mas foi para uma clínica tratar-se, porque sofre de distúrbios mentais.

Vânia Morais, n.º25, 11.ºE

O Encoberto - Natália Correia

Toda a história do livro que li gira à volta da personagem Bonami-rei que se faz passar pelo rei D.Sebastião, que tem o cognome de "O Encoberto" ou "O Desejado", daí o título do livro. Contudo, penso que toda esta histórica dramática tem uma mensagem que se depreende das várias críticas com que nos deparamos ao longo do livro. Uma crítica a um povo crente, inocente, iludido e burro que não quer ver a realidade, e, ao mesmo tempo, uma crítica a uma nobreza falsa, interesseira, que só pensa em dinheiro. Esta crítica é feita, no caso do povo, pelo licenciado, uma personagem que é morta precisamente por fazer esta crítica. No caso da nobreza, esta crítica é feita por Cristóvão de Moura, vice-rei de Portugal. A crítica ao povo está presente no acto I, quando é visível que o povo acredita verdadeiramente que Bonami é D.Sebastião; e a crítica à nobreza está presente no acto II, quando esta classe social muda de ideias em relação ao destino do rei, consoante as ideias dos banqueiros. Isto porque os banqueiros adiantavam o dinheiro e, caso não libertassem Bonami, não financiariam.
Ao longo desta obra existe um paralelismo, uma comparação entre Bonami-rei e Jesus Cristo. Esta comparação - intertextualidade - é marcada por vários episódios da obra, bem como por frases semelhantes às da Bíblia. Ju-Ju, personagem que aparece no acto II, pode ser também comparada a Maria Madalena. Esta comparação é visível quando Ju-Ju lava com lágrimas os pés de Bonami, tal como Maria Madalena fez a Jesus Cristo. É também visível quando Bonami diz "Bebei do meu sangue", tal como Jesus Cristo disse aos apóstolos na última ceia. É também Ju-Ju que defende Bonami perante o povo, tal como fez Maria Madalena com Jesus Cristo. Também
Bonami se deixou morrer pelo povo, como o filho de Deus. E, já no fim da obra, também Bonami desapareceu do túmulo ao terceiro dia, tal como o Messias. Este desaparecimento é conhecido por Ju-Ju, mais uma vez, no papel de Maria Madalena. O povo continua assim a acreditar no regresso do rei, tal como também um povo, há 2009 anos atrás, acreditava no regresso de um Salvador.

Ana Patrícia, 11.ºE

O Encoberto - Natália Correia

Eu gostei muito de ler este livro. Este livro tem uma história que me cativou desde o inicio e, por trás da história, uma simbologia, uma crítica bastante interessante de se ler. A personagem com quem mais me identifiquei foi o licenciado, pelo facto de ser o único que manteve uma opinião realista e firme contra tudo e todos. A determinação desta personagem dá-nos a todos uma lição e, para além da determinação, também a sua coragem é uma lição de vida. Ele não mostrou medo de morrer e isso não mudou em nada as suas ideias. Todo o enredo do livro gira à volta do mito do sebastianismo.
Ana Patrícia, 11.ºE

terça-feira, 15 de dezembro de 2009

quarta-feira, 9 de dezembro de 2009

A Birra do Morto - Vicente Sanches

O livro fala de um morto que, em vida, tinha medo da morte e, agora que está morto, não quer, nem se comporta como tal.
Na peça, as personagens comunicam com ele como se estivesse vivo, querem convencê-lo a deixar-se enterrar, a deixar fechar o caixão, mas ele não se convence disso. Ele não queria que lhe fechassem o caixão, porque sofria de claustrofobia. Ele também não queria ser enterrado porque tinha medo dos bichos e, inclusivé, medo dos fantasmas! Um morto com medo de fantasmas não é muito comum, pois são eles que costumam ser associados aos fantasmas! Também não queria ser cremado, tudo lhe metia confusão...
Chegaram mesmo a chamar a Guarda Republicana para o tentar convencer, mas ele pura e simplesmente não queria e quando o amarraram e o meteram no caixão, o morto fez trinta por uma linha.
Depois de muito gritar, voltaram a abrir-lhe o caixão e ele falou com a mulher, e até tentou convencê-la a ir com ele. Tudo o que ele não queria era ficar sozinho e, no meio de toda a discussão, admitiu que se tinha casado tão cedo porque tinha medo de aormir sozinho, até ao psicólogo tinha ido e este dissera-lhe que a solução era casar-se, pois, deste modo, não iria mais dormir sozinho.
Claro que ele se tentou redimir, dizendo que também casou por amor e, na minha opinião, isso era verdade.
Esse era o último desejo do morto, que a mulher fosse com ele para o túmulo, mas não a convenceu.
Acabaram por lhe fechar o caixão e ele não parava de gritar. Nessa altura, o padre chegou e disse que depois de toda aquela fúria, nunca mais o iriam ouvir.

Gostei bastante deste livro pois é engraçado: achei a história criativa, divertida e interessante. Contudo, no final, depois de todas as argumentações do morto, tive pena que ele fosse enterrado. Ele preferia ir para a cadeia que ser enterrado, pelo menos na cadeia ele via o sol, aos quadradinhos, mas via. Gostei muito e recomendo a sua a sua leitura.

Cristiana Rodrigues

A Birra do Morto - Vicente Sanches

O livro que eu li chama-se "A Birra do Morto", de Vicente Sanches, cujo tema é a morte e o enterro de um morto... que se recusa a morrer!
Este é um defunto que não quer ser enterrado e, quando lhe é dada a notícia de que morreu, este tenta subornar o médico para que rasgue a certidão de óbito. Mas, por sua vez, o médico não cede ao seu pedido e dá a notícia aos familiares.
Chegada a hora de vestir o morto, este recusa que o façam, pois, para este, vesti-lo de fato preto é sinal de que o vão enterrar. Então, como não o conseguem vestir, este vai para a igreja em cuecas e com uma camisa e todos ficam escandalizados com ele. Para conseguir isso, o morto diz que sofre de claustrofobia, medo de fantasmas e que tem medo de dormir sozinho. Visto isto, chamam a polícia que o consegue meter, com muito esforço, na urna e tapá-la . Porém, o defunto, para voltar a ficar livre, argumenta que não se despediu da mulher e, assim, voltam a tirar a tampa da urna. Ele pede à mulher para ir com ele para a cova, pois não quere dormir todas as noites sozinho e porque gosta muito dela.
Esta é a acção dramática, na qual, de certa forma, todos nos revemos, pois ninguém quer morrer... Eu gostei deste livro, porque trata de um tema - a morte - de uma forma diferente do habitual e, em muitos momentos, é uma peça cómica, pois um morto não tem querer!
Achei este livro interessante: por exemplo, achei muito engraçado quando o morto pede à viuva para ir com ele para a urna, pois tem medo de estar sozinho e medo de fantasmas!

Ana Luísa, n.º3, 11.ºD

segunda-feira, 7 de dezembro de 2009

O Vagabundo das Mãos de Ouro - Romeu Correia

Eu escolhi este livro por causa do título,sobretudo por causa da palavra "vagabundo".
Antes de o ler, fiz uma pequena pesquisa e constatei que a peça apresenta a história de um homem que anda, de feira em feira, a mostar as suas peças de teatro. As mãos de ouro são as suas, pois é ele que faz os seus próprios fantoches. Por esta razão, achei a peça interessante para a apresentar à turma.
Contudo, não foi só por causa do título, mas também porque não conhecia este autor, Romeu Correia, e fiquei interessada em conhecer a sua forma de escrever e poder compará-la com outros autores que já li.

Telma

domingo, 6 de dezembro de 2009

Henriqueta Emília da Conceição - Mário Cláudio

O livro que estou a ler é "Henriqueta Emília da Conceição", de Mário Cláudio. Este livro é uma peça de teatro.
Pelas cenas que já li, estou a achar o livro interessante.
Nesta peça, a personagem principal é Henriqueta Emília da Conceição, pois é à volta desta personagem que se desenvolve toda a acção dramática.
Teixeira é uma personagem que só está preocupada em saber aquilo que os outros têm e em meter-se na vida dos outros. Já Teresa Maria é uma prostituta que tenta retirar todo o dinheiro que pode aos homens que ela seduz.
É assim, à volta disto, que a acção se vai desenvolvendo.


Vânia Morais, nº25, 11.ºE

segunda-feira, 16 de novembro de 2009

Uma Abelha na Chuva - Carlos de Oliveira

O romance começa com Álvaro Silvestre a chegar a Montouros, num dia muito chuvoso, com o objectivo de falar com Medeiros. Pretendia entregar, num papel, para que este o publicasse na primeira página do jornal, a confissão de todos os roubos cometidos por ele.

Medeiros, quando lê a carta, fica apreensivo, pois aquilo não era normal. Ficou com dúvidas, uma vez que se tratava de um escândalo que envolvia a esposa de Silvestre e esta podia não gostar. Todavia, Silvestre não se importava e insistia para que este a publicasse na primeira página nem que tivesse que pagar.

Por sua vez, D. Maria, a esposa, andava de charrete à sua procura e as pessoas disseram-lhe que ele se encontrava no jornal da Comarca. Quando ela chegou ao jornal, Silvestre arrumou a carta no bolso para que ela não desse conta pois ele tinha medo dela, isto é, se ela soubesse desta confissão não ia deixar que esta fosse publicada. D. Maria convenceu Medeiros a dar um desconto a Silvestre, ou seja, não lhe dar importância. Este ficou farto daquilo que ela estava a dizer e disse que iam embora.

Silvestre e Maria só se casaram porque o pai dela entrou em falência e negociou o casamento. Este casal vive um casamento frustrado e infeliz, porque não há amor entre eles, mas sim o interesse pelos bens materiais. Podemos observar isto no quarto de Maria e Silvestre, um quarto muito sombrio e com lembranças ruins.

O maior medo de Álvaro era a morte, pois ele tinha medo de morrer sem amor e sem amigos, porque não se dava com ninguém. Quando sentia medo da morte, bebia Brandy para se esquecer destas coisas. A morte é um tema muito presente no livro, não só pela obsessão de Álvaro com a morte, mas também pelas personagens que têm um papel secundário e lhe dizem que a morte era uma coisa natural, pois era a vontade de Deus, mas Álvaro não compreendia isso. Tudo o que acontece a Álvaro e a D. Maria enquadra-se no naturalismo, pois o que lhes acontece é consequência do meio, da raça e do momento que vivem. Assim D. Maria é a fonte que leva Álvaro a cometer loucuras, levando-o a contribuir para a realização de um crime.

António, um homem obcecado pelo dinheiro, quer casar a filha Clara com um homem rico. Mas Clara estava apaixonada por Jacinto. Encontravam-se no curral durante a noite para ninguém saber e ali ficavam até ao amanhecer, fazendo amor, até que Clara ficou grávida.

Um dia, Álvaro passa por lá e vê os dois. Fica admirado, mas não dá importância ao facto. Contudo, fica a pensar no assunto. Como tinha inveja do ruivo e como estava louco, decidiu ir contar ao Mestre António que Clara tinha um caso com Jacinto, pois tinha-os visto de madrugada deitados na palha do curral, onde ele ia recolher o gado. António fica muito irritado, pois quer sair da pobreza e não quer que a filha case com um pobre. Ao contar o sucedido a Mestre António, Álvaro sentiu um grande prazer, pois foi uma maneira de castigar o ruivo por este fazer com que a sua mulher se apaixonasse por ele, infernizando-lhe a vida.

António decide pedir ajuda a Marcelo porque sabia que este gostava da sua filha. Se ele o ajudasse, dar-lhe-ia a sua filha em casamento. Marcelo aceitou e decidiram marcar um dia para fazer o serviço sem Clara se aperceber da situação.

Álvaro, após ter contado a António, fica muito arrependido e não consegue dormir. Começa a ter medo das pessoas e tem a mania da perseguição. Cisma que, se António matar Jacinto, ele é que será o culpado, porque foi ele que lhe contou tudo. Maria, quando descobre que Álvaro foi contar a António que Clara tinha um caso com o cocheiro, diz-lhe que tem nojo dele e, para seu consolo, ela não ama o ruivo mas sente ódio por ele.

Um dia, à noite, Jacinto fica à espera de Clara e é surpreendido por Marcelo que lhe dá com um cacete. Depois, foram atirá-lo ao mar. Chovia torrencialmente... A chuva representa sabedoria, sangue, agressividade e opressão pois está sempre presente nos momento mais importantes da acção. O mar é o símbolo da morte e da inocência, pois foi para onde foi deitado o corpo de Jacinto.

As pessoas, quando souberam, foram rodear o escritório de Álvaro e este ficou com medo. Pediu ajuda a D. Maria, mas esta nega-lha e discute com ele. Diz-lhe que ele mete nojo e sempre meteu. Clara, quando soube damorte de Jacinto, chorou muito e ficou muito triste e matou-se na fonte juntamente com o seu filho que estava na sua barriga pois ela não aguentou, sentia-se sozinha no Mundo. António e Marcelo foram presos.

Podemos concluir que todos são abelhas, mas a abelha principal é D. Maria, porque o crime e os roubos que Álvaro faz, foram feitos por causa dela, por ser uma mulher que só pensava em dinheiro e bens materiais.

Esta história está cheia de símbolos como o mar, a chuva, o poço...

Telma




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sábado, 14 de novembro de 2009

A Brasileira de Prazins - Camilo Castelo Branco

Quando nasceu a primeira filha de Marta, esta não demonstrava grande afecto pelo bebé.

A sua loucura também aumentou: três dias antes de cada ataque, ela dava-se a extravagâncias e tinha delírios: trancava-se no quarto com muitos vasos de flores, à espera do seu José Dias.

Quando Feliciano percebia que um ataque se aproximava, dormia noutra cama. Já se tinha arrependido do casamento e não achava mau ficar viúvo. Assim que os ataques epiléticos de Marta passavam e ela recaía numa serena indolência, numa impassibilidade mansa e tranquila, o tio ia-se deitar com ela, pois, para ela, eram necessidades imperiosas da sua fisiologia. Foi assim que, em sete anos, Marta deu cinco filhos ao marido. Segundo o médico, a demência de Marta era funcional e as faculdades reprodutoras não tinham nada a ver com as anormalidades cerebrais. Deus não teve a bondade de fazer estéreis as dementes.

A cada dia que passava, Feliciano tornava-se mais sovina e egoísta, comprando todas as quintas da região. Os médicos já o considerava lunático, pois ele falava sozinho.

Em 1882, ano em que o autor terminou a escrita do livro, Marta tinha cinquenta e três anos e desde 1848, ano da morte de D. Teresa, Marta nunca mais saiu do quarto e ainda continuava repetindo as mesmas palavras de há quarenta anos atrás.

Duas filhas de Marta casaram-se e eram mães e os outros filhos cresceram tristes, sem infância.

Andreia Tomás 11.ºE, Nº7




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A Brasileira de Prazins - Camilo Castelo Branco

Marta era filha de Simeão, um lavrador mediano, um homem muito egoísta e ganancioso.
Zeferino da Lamela morria de amores por Marta, mas Marta não queria nada com ele.
Zeferino, ao saber que o pai de Marta estava endividado, faz-lhe uma proposta: paga-lhe as dívidas em troca da filha Marta. Simeão, todo contente, diz-lhe que a moça era dele.
Passado algum tempo, recebe uma carta de Pernambuco, uma carta de Feleciano, irmão de Simeão, a dizer que enriquecera no Brasil, para ir vendo umas quintas e uns conventos para Feleciano comprar, pois já tinha dinheiro para os "feijões".
A volta do irmão rico e os números mencionados na carta fazem com que Simeão, homem ganancioso, quebre o contrato que tinha feito com Zeferino da Lamela.
Passado algum tempo, chega Feleciano do Basil, tinha quarenta e sete anos, nunca tinha amado ninguém e era virgem. Feleciano tinha um carinho enorme por Marta o que a fazia desconfiar.
Num dia de feira, o pai de Marta foi atacado no caminho por um bando de homens que não conheceu. Um deles deu-lhe uma paulada na cabeça o que fez com que Simeão caisse no chão todo ensanguentado e desmaiado.Marta desmaia, também, tem convulsões e começa a espumar pela boca.
Em casa, Simeão diz à filha que está muito mal e pede-lhe para casar com o tio Feleciano, pois ele ia morrer. Mas não era Feleciano o seu grande amor, mas sim José Dias de Vilava.
Marta, pensando que o pai ia morrer, diz-lhe que se casa com o tio.
Simeão parecia agonizar e chamaram o padre. Marta gritava em altos gritos, pois sentia-se culpado pelo que acontecera ao pai. Marta desmaia outra vez e tem, outra vez, convulsões. Chamam o médico, que lhes diz que Marta é herdeira da doença da mãe: a epilepsia, a doença que levou a mãe ao suicídio e que seria melhor casá-la.
Marta e Feleciano casam-se. Marta ia numa tristeza inalterável. Desde que saiu da igreja fecha-se no quarto com D.Teresa, sua confidente.
D. Teresa morre, José Dias também e tudo isto torna a vida de Marta numa profunda melancolica, ao ponto de as coisas de casa lhe serem indeferentes. Raras vezes saía de casa, e num dos ataques, pôs-se a chamar o Feleciano de José, meu Josezinho...
Andreia Tomás 11.ºE, n.º 7



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segunda-feira, 2 de novembro de 2009

Notícia: Jorge de Sena "volta" a Lisboa

Trasladação dos restos mortais do escritor, falecido nos EUA, realiza-se amanhã, para o cemitério dos Prazeres
2009-09-10 Jornal de Notícias
A trasladação dos restos mortais de Jorge de Sena para o cemitério dos Prazeres, em Lisboa, realiza-se amanhã, sexta-feira. Falecido nos Estados Unidos há 31 anos, o escritor foi uma incontornável figura da cultura portuguesa do século XX.

Os restos mortais de Jorge de Sena chegaram recentemente a Portugal provenientes de Santa Bárbara, na Califórnia, onde faleceu a 4 de Junho de 1978, aos 59 anos. A trasladação havia sido anunciada há três meses, pelo ministro da Cultura, durante a cerimónia que marcou a doação do espólio do poeta à Biblioteca Nacional. Para José Jorge Letria, a trasladação "é importante do ponto de vista simbólico", pois significa que chegou ao fim "o segundo exílio" do escritor. "O primeiro exílio de Sena terminou com a morte dele. O segundo exílio, póstumo, termina com o regresso dele", disse o escritor à agência Lusa. No seu entender, Sena "merecia o Panteão".

A cerimónia de amanhã é vista por José Manuel Mendes, presidente da Associação Portuguesa de Escritores, como "um tributo prestado pelo país a uma das maiores figuras do século XX português". Entende que este momento deve ser aproveitado para "uma vez mais e de forma acentuada" se difundir a sua obra enquanto ficcionista, poeta, ensaísta e tradutor. Responsável pela tradução de autores antigos e modernos, Jorge de Sena verteu para Português, por exemplo, obras de William Faulkner, Ernest Hemingway e André Malraux.

Casimiro de Brito, por seu turno, referiu que Sena foi "enorme, nas melhores coisas que fez" e uma das "figuras mais controversas e mais complexas" da literatura portuguesa. O presidente da assembleia geral do PEN Clube português entende mesmo que "o melhor de Jorge de Sena é do melhor que se escreveu em Portugal", acrescentando: "Ele escrevia e ficava tudo explicado".

"Uma valia absolutamente rara" é como o professor de literatura Fernando Cabral Martins classifica a poesia de Sena. Diz que, depois de Fernando Pessoa, "ha poucos" que tenham a dimensão do autor de "Metamorfoses" (1963), uma das obras que mais influência tiveram no género em Portugal. Recordando as "polémicas relativamente violentas" que opuseram Sena "a outros escritores e a gente que, em princípio, deveria ser mais próxima dele", Fernando Cabral Martins assinalou que ele "estava até relativamente isolado, num certo sentido, porque não era neo-realista nem era surrealista, não tinha uma ortodoxia".

Nascido em Lisboa em 1919, o escritor saiu de Portugal em 1959, rumo ao Brasil, por receio de perseguições políticas resultantes de uma tentativa de golpe de estado em que esteve envolvido. Mas não era um autor desconhecido quando partiu, pois já tinha publicado cinco títulos poéticos: "Perseguição" (1942), "Coroa da terra" (1946), "Pedra filosofal" (1950), "As evidências" (1955) e "Fidelidade" (1958).

Nos Estados Unidos, onde chegou em 1965, publicou alguns dos mais importantes títulos da sua produção poética, ficcional (como "Novas andanças do demónio") e ensaística (de que são exemplo "Uma canção de Camões" e "Maquiavel e outros estudos").

Parte dos manuscritos que compõem o espólio doado à Biblioteca Nacional está tratada e a ser inventariada, enquanto outra parte está exposta.
Bárbara Tavares, nº6, 11ºD

Razão de o Pai Natal ter barbas brancas - Jorge de Sena

Este conto. escrito em 1944, foi a estreia de Jorge de Sena na ficção.

É uma história muito interessante: estava o menino Jesus para fazer sete anos e era véspera de Natal. Ele já sabia que quem punha os brinquedos na sua sandália eram os pais e que ia receber uma carrocinha em que o seu pai trabalhava havia dias.

Estava ele sentado à beira de um caminho a fazer riscos, quando apareceu um homem muito bem vestido a perguntar-lhe o que estava a fazer e o menino Jesus respondeu-lhe que estava a fazer riscos. Então, o homem disse-lhe que não devia fazer isso e fez com que a varinha ficasse presa ao chão.

Quando o homem se riu, o menino Jesus apercebeu-se de que era o Diabo, pois saía-lhe enxofre da boca. O menino Jesus decidiu então fugir, mas o Diabo prendeu-lhe as pernas. Por isso, o menino Jesus viu-se obrigado a fazer o que ele queria: pediu-lhe ajuda e, no momento em que o Diabo lhe deu a mão, derrubou-o, fugindo para casa.

Todavia, o menino Jesus cometera um erro: dissera ao Diabo que estava à espera do Natal. Nessa noite, o menino Jesus decidiu ficar acordado com medo que ele aparecesse de noite.

De noite, o menino Jesus ouviu barulho e encontrou na sala um homem vestido de vermelho com uma barba postiça e um saco. Pensando que o menino Jesus não o reconhecia e pensava que ele era o Natal, o Diabo pediu para brincar com a carrocinha. O menino Jesus, sabendo que era o Diabo por causa do enxofre, disse-lhe que ele iria fazer de cavalo e atrelou-o. Então, disse uma palavra, que todos os meninos conhecem, e o Diabo saiu disparado pela porta com a carrocinha. De seguida, o menino Jesus foi deitar-se.

Mais tarde, quando ouviu, de novo, um barulho, encontrou um homem vestido de vermelho, sem barbas, que lhe disse que era o Natal. O Natal só trocava as prendas das crianças por outras melhores. O menino Jesus disse-lhe que, quando encontrasse o Diabo, lhe pedisse a carrocinha. Disse-lhe também que o Diabo andava vestido de Natal e com umas postiças barbas brancas. Assim, o verdadeiro Natal decidiu deixar crescer as barbas e passar a ser conhecido como Pai Natal.

No dia seguinte, estava o menino Jesus a brincar no mesmo caminho com a carrocinha, quando viu um homem a fazer riscos. Tentou avisá-lo do perigo, mas não falavam a mesma língua. Foi então que, junto do homem, parou uma carrocinha igual à sua com um homem atrelado e começaram a falar.

Bárbara Tavares, nº6, 11.ºD

sábado, 31 de outubro de 2009

A Morte do Palhaço e o Mistério da Árvore - Raúl Brandão

O livro que trabalhei no primeiro PIL é da autoria de Raúl Brandão. A obra « A Morte do Palhaço e o Mistério da Árvore» tem como tema o sonho, a questão do (não) saber viver. Brandão critica o estilo de vida adoptado por todas as personagens da obra, que têm uma característica em comum, são todas alucinadas. De entre as personagens, destacam-se o Palhaço e o filosofo Pitá. De todos, este é o único que consegue viver entre o sonho e a realidade, o que vive mais de acordo com a realidade, o que é capaz de lidar com as « asperezas» da vida.

K. Maurício é a personagem principal e em torno da qual toda a história se desenvolve. « Ponho-me a ver e no fundo do meu ser não encontro senão egoísmo e vaidade... quando uma doença ou a morte dos outros me torcem os nervos, porque é que tenho pena canalha? É porque me vejo ,logo, a mim estendido, doente ou morto(...) quando vejo alguém feliz demonstro apenas alegria e felicidade exterior porque na minha alma odeio-os a todos... quem odeio são os meus amigos, porque triunfam... quem adoro são os desconhecido... (pág. 89 e 90). Esta citação apresenta a personalidade e o mau carácter de Maurício, a personagem mais criticada de todas pelo o autor. Maurício é uma pessoa infeliz e compara-se a uma árvore; esta simboliza duas coisas distintas: a vida, pois Maurício compara-se a ela, reconhecendo que esta é mais feliz do que ele, pois é dotada de vida ao contrário dele; por outro lado, simboliza a alma, a personalidade da personagem principal, como podemos comprovar no último capítulo « O Mistério da Árvore» . Este capítulo conta a história de um Rei ( Maurício): o seu reino tinha apenas uma árvore e esta servia para enforcar as pessoas felizes que tinham a ousadia de entrar num reino onde foi proibida a felicidade. Na minha opinião, neste capítulo, a árvore esgalhada e seca, cujos frutos eram cadáveres traduz a alma de Maurício, porque nela também toda a gente « morria» de um certa forma, pois Maurício, quando via alguém feliz, também os enforcava, uma vez que sentia raiva e inveja deles só porque conseguiam ser felizes e ele não. Está assim desvendado o « mistério da árvore»...

Apesar de não ser uma das minhas preferências literárias, esta é uma obra que me despertou uma enorme curiosidade do início ao fim. O objectivo de Raul Brandão é dar-nos uma lição de vida, transmitir ao leitor que a vida deve ser vivida mesmo com « asperezas», pois se assim não for, se apenas sonharmos, vamos concerteza sofrer ainda mais, tal como as personagens desta obra. Quanto ao estilo do autor, gostei. Não tem muitas descrições, mas usa muitos recursos estilísticos...

Tudo isto para dizer que foi o primeiro livro que li deste autor e que gostei de tudo: do tema, do estilo e aconselho-o a todos os leitores!

Jéssica

sexta-feira, 30 de outubro de 2009

Novos Contos da Montanha - Miguel Torga

Este livro é formado por vinte e dois contos; alguns são mais fáceis de compreender do que outros...
Em todos os contos o autor apresenta passagens e conhecimentos sobre a vida na montanha - Trás-os-Montes.
Dos contos deste livro, nós podemos retirar algumas lições de vida, como por exemplo no conto " A confissão" que nos demonstra que não devemos acusar ninguém sem termos provas.
O medo, neste conto, também está presente, porque o autor do livro descreve a personagem como sendo uma pessoa com medo.
Eu gostei de ler este livro, porque nos demonstra algumas coisas importantes para o nosso dia-a-dia.

Vânia Morais, n.º25; 11.ºE



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Novos Contos da Montanha - Miguel Torga

O conto A Confissão fala-nos de um senhor chamado Armindo. Este senhor era acusado de ter cometido um crime, o de ter assaltado uma casa.
O sargento Reinaldo batia-lhe com um cinturão, torturando-o para o senhor Armindo para este confessar o crime, mas o senhor Armindo não podia confessar um crime que não tinha cometido.
Uma vizinha chamada Julia Garrido incriminava, também, o senhor Armindo, dizendo que tinha visto a sombra deste senhor a fugir no caminho, quando esta correu, alarmada pelo barulho, para a janela, vendo a sombra do senhor Armindo que fugia pelo caminho.
Armindo, estava na prisão, na miséria e com marcas em todas as partes do corpo de tanta pancada que levara do sargento Reinaldo.
Armindo só tinha um recurso que era fugir da prissão, nessa madrugada, porque no dia seguinte, iria ser executado, uma vez que não tinha provas para defender a sua inocência. Então o senhor Armindo foge, nessa noite, tendo só tempo de passar em casa, trocar de roupa e pedir dinheiro emprestado, atravessando, assim, a fronteira, antes do sol se pôr.
Enquanto o senhor Armindo estava fugido, os assaltos na aldeia continuavam a acontecer, por isso não podia ser o senhor Armindo a assaltar as casas porque este estava ausente da aldeia.
Passado meio século, o senhor Armindo volta à aldeia, já velho, mas com as marcas de todas as pancadas que o sargento Reinaldo lhe tinha dado, injustamente.
No dia seguinte à chegada do senhor Armindo, este foi logo presente a tribunal e foi provada toda a sua inocência. No fim do julgamento, o sargento Reinaldo morreu. Porém, mesmo se este não tivesse morido, o senhor Armindo iria fazer justiça pela suas próprias mãos, pois seria essa a forma de se vingar de todas as pancadas que o sargento lhe tinha dado, injustamente. Assim, ao senhor Armindo só lhe restou pregar dois pares de estalos ao cadáver, quando este já se encontrava vestido e dentro do caixão.

Vânia Morais, n.º25, 11.ºE





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quarta-feira, 28 de outubro de 2009

Cinco Reis de Gente - Aquilino Ribeiro

O livro que estou a ler chama-se Cinco reis de gente, de Aquilino Ribeiro. É um livro que aborda a infância do autor/narrador, relatando as peripécias dos tempos de criança.

O excerto da obra que eu apresentei na aula, no fórum, não foi o que eu mais gostei ao longo da obra, mas uma vez que alude ao baptizado do narrador, achei que poderia ter sido um marco importante na sua infância.

Nesta obra conseguimos "sentir" a presença do autor, pois tudo o que ele aborda no seu livro repercutiu-se na vida dele. Ou seja, verificamos a presença/importância desta obra na sua biografia, desde o gosto pela escrita até ao seminário, quando em pequeno, o capitão José Francisco Vicente lhe havia prometido o lugar como sacristão nas igrejas de Lisboa.

Curiosamente, e a propósito de Aquilino Ribeiro, numa pesquisa alusiva ao autor, paralelamente ás suas obras, encontrei a seguinte frase "Sei que morrer é mais fácil do que se pensa e não obstante tenho medo da morte...", que vem contradizer todos os medos relativamente à morte que o autor nos mostra nesta obra. Desde o medo das aves, que a sua tia dizia voarem sobre as casas daqueles que estavam para morrer, até á repugnância que sentia pelos coveiros que via passarem no cemitério.

Toda esta a obra esta nos remete para a vida do seu autor.

Francisca Macara




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sexta-feira, 23 de outubro de 2009

Uma Abelha na Chuva - Carlos de Oliveira

A história começa com Silvestre a chegar a Montouros, num dia muito chuvoso. Vai direitinho para a redacção do Comarca, o Jornal, cujo director era o Medeiros. Álvaro Silvestre era um homem sem escrúpulos, um proprietário rural, completamente fracassado e, no plano amoroso sente-se ofendido pelo desinteresse da sua esposa vive roído de ciúmes e inveja por sua esposa gostar do cocheiro. Silvestre teve uma infância muito má, triste, mas, jovem, não era um homem sem escrúpulos, mas sim obcecado pela verdade. Porém, a partir do momento que ele casa com D. Maria tudo muda, pois o casamento deles foi um casamento arranjado pelas famílias. A família de sua mulher era uma família muito gananciosa, só queria dinheiro para serem mais importantes e poderosos e tudo faziam para obter essa riqueza. É por estes motivos todos que Álvaro Silvestre não aguenta mais e fica louco. Por isso, decide ir à Comarca falar com o Senhor Medeiros para publicar uma confissão onde declarava todos os roubos que fizera por imposição de sua mulher. O senhor Medeiros, quando leu a carta, não acreditou no que estava a ler e pergunta-lhe se estava bem. É que ele não podia publicar aquilo na primeira página, mas Álvaro insistia e Medeiros perguntou como ficaria a sua esposa e este respondeu que ela nunca poderia saber daquela conversa e daquela confissão. De repente, aparece D. Maria dos Prazeres à procura de Álvaro e vai à Comarca onde o encontra. Este tenta esconder a carta no bolso para que esta não saiba, pois isso poderia vir a ser um grande problema, uma vez que era ela que mandava nele. Ele fazia tudo o que ela queria por essa razão é que entrou nessa estado de loucura. è a partir daqui que a acção do romance se vai desenrolar...

Eis a confissão que Silvestre queria publicar no jornal A Comarca:

"Eu, Alvaro Rodrigo Silvestre, comerciante e lavrador no Montouro, freguesia de S. Caetano, conselho de corgos, juro por minha honra que tenho passado a vida a roubar os homens na terra e a Deus no céu, porque até quando fui mordomo da Senhora de Montouro sobrou um milho das esmolas dos festeiros que despejei nas minhas tulhas. Para alguma salvaguarda juro também que foi a instigações de D. Maria dos Prazeres Pessoa de Alva Sancho Silvestre, minha mulher, que andei de roubo em roubo, ao balcão, nas feiras, na soldada dos trabalhadores e na legítima do meu irmão Leopoldino, de quem sou procurador, vendendo-lhe os pinhais sem conhecimento do próprio, e agora vem ele de África para minha vergonha, que não lhe posso dar contas fiéis. A remissão começa por esta confissão ao mundo. Pelo padre, pelo filho, espírito Santo, seja eu perdoado e por quem mais me poder fazer."

Telma



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Novos Contos da Montanha - Miguel Torga

Eis um excerto de A Confissão, conto de Miguel Torga:
"Talvez os outros o fizessem. Ele é que nunca. Nem tinha a certeza, nem era denunciante. Portanto, só havia um recurso: fugir.
E fugira, realmente, nessa mesma noite, coisa que não passara sequer pela cabeça do guarda.
Tanto assim que nem sentinela mandará pôr a porta da velha cadeia concelhia onde agora o guardava sozinho. Embora escapulindo-se, confirmava para o resto da sua vida a acusação que lhe faziam, às tantas da manhã, com energia, a paciência e a arte de que apenas se é capaz nas horas apertadas ala que se faz tarde.
Passou por casa, mudou de roupa, pediu dinheiro emprestado, e antes do sol se pôr atravessou a fronteira.
Voltará agora decorrido meio século, velho, pobre, amargurado com toda uma existência de exilado atrás de si e dorido ainda dos golpes injustos que receber."

Este excerto fala-nos de um senhor que se chamava Armindo que é acusado de um crime que não cometeu, por isso foi obrigado a fugir, porque já estava farto de levar pancado do guarda, que se chamava Reinaldo.
A polícia tinha uma testemunha que confirmará que era a ele que tería visto, mas o senhor Armindo continuava a negar e o guarda dizia-lhe que teria de esperar até ao outro dia de manhã, porque era quando se iria realizar o seu julgamento.
Mas o senhor armindo fugiu, nessa madrugada, sem o guarda dar conta pois não queria ser julgado por um erro que não tinha cometido.
O sonhor, depois de ter fugido da prisão, só teve tempo de passar por casa, trocar de roupa, pedir algum dinheiro emprestado e atravessar a fronteira, antes do pôr-do-sol.
Passado meio século, o senhor Armindo voltará já velho e com as marcas de lhe terem batido injustamente.

Vânia Morais, nº25,
11.ºE




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Novos Contos da Montanha - Miguel Torga

O livro que eu estou a ler é "Novos Contos da Montanha" e o autor deste livro é Miguel Torga.
Este livro é composto por vinte e dois contos e em todos os contos o narrador nos fala de algo relacionado com a vida do autor.
Dos vinte e dois contos, aqueles de que mais gostei foram: " Fronteira", "Mariana", "A Confissão" e "O Regresso".
Estes contos foram aqueles que mais me despertaram a atenção.
Até ao último conto que li, posso dizer que estou a gostar de ler este livro.

Vânia Morais, nº25, 11.ºE



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quinta-feira, 22 de outubro de 2009

A Morte do Palhaço e o Mistério da Árvore - Raúl Brandão

Para este primeiro PIL comecei por ler um livro sugerido pelo professor da disciplina. Uma obra de Raul Brandão: « A morte do palhaço e o mistério da árvore». À primeira vista, o título da obra não nos adianta muito sobre a história do livro. Mas ao lermos as primeiraspáginas, concluímos que é uma história fantástica e que através dela o narrador ( personagem) dá uma lição de moral a todos aqueles que passam ao lado da vida, que vivem no mundo do sonho, rodeados de ilusões e que não sentem as «asperezas da vida». Fá-lo, contando a história de vida do seu amigo K. Maurício ( personagem principal) que morreu por não saber viver « por ter vivido muito, mas não ter vivido nada». A vida dele era baseada no sonho, até as suas paixões eram puras ilusões. Maurício chegou mesmo a imaginar como seria a sua amada. Nada na sua vida era real, por esse motivo é que sofria tanto. Ao descrever o amigo, o narrador diz-nos que ele vivia num mundo à parte,«onde ele era rei ou palhaço». K. Maurício era considerada uma pessoa alucinada que sofria muito, por isso, muitas vezes, escrevia sobre a sua dor. Era uma espécie de diário ao qual Maurício pôs o título de «A morte do palhaço». Depois de ter lido este primeiro capítulo, entendi qual o significado da primeira parte do título desta obra, que tanto estou a gostar deler. Falta-me agora descobrir o sentido do resto do mesmo título « o mistério da árvore», será que agora o narrador nos vai falar sobre a vida da «árvore», sendo esta um grande mistério?…Terá o narrador mais alguma lição de moral para nos proporcionar? A estas perguntas procurarei responder no final da minha leitura.

Jéssica Caetano nº 18 11.º E

Nome de Guerra - Almada Negreiros

Almada Negreiros, pintor e escritor, nasceu em S. Tomé e Príncipe, em 1893 e faleceu, em Lisboa, em 1970. Como artista plástico, o seu trabalho levou-o a fazer parte da Academia Nacional de Belas Artes, onde foi admitido em 1966. Bastante conhecido é o seu retrato de Fernando Pessoa. Como escritor, marcou uma época e, juntamente com Fernando Pessoa, desencadeia um movimento de reforma da vida cultural e sobretudo literária de Portugal, quando, em 1915, depois do primeiro número da revista Orpheu, lança o Manifesto Anti-Dantas – um ataque corrosivo e profundamente satírico à literatura tradicional, representada por Júlio Dantas.
Em Nome de Guerra, cujas personagens principais são o Antunes e Judite – aquele é um bem-nascido, rico, porém, fruto de uma educação conservadora, desconhece o mundo e as suas seduções…; esta é uma prostituta lisboeta, altiva e consciente do fascínio que desperta nos homens – encontramos todo um processo de auto-descoberta por que passa este jovem ido da província para Lisboa.
Um romance em que conta sobretudo a evolução interior, a evolução do carácter de Antunes e a visão que ele tem de si próprio, dos outros e do mundo. As mudanças que esta personagem vive em tão pouco tempo de permanência em Lisboa, permitem-nos, através da ficção literária de Almada Negreiros, descobrir o sentido que este dá às necessárias – mesmo se violentas – mudanças pelas quais Antunes e, no fundo, tudo o ser humano tem de passar. É voz corrente dizer-se que crescer dói; dizemos, também, que ninguém é uma ilha isolada; pois bem, em Nome de Guerra encontramos o choque de personalidades como processo de descoberta e construção da própria personalidade. Assim se entende a moralidade do romance com que o narrador termina: “Não te metas na vida alheia se não queres lá ficar.”
Eis um excerto de Nome de Guerra:
De vez em quando abria-se mais uma garrafa de champanhe na mesa do Antunes e o estrondo parecia um desafio à sala inteira. Quanto mais crescia a animação nesta mesa mais o resto parecia tumular e esmagado. Mas não era tal um desafio, era o verdadeiro prazer próprio destas casas: passar o tempo que está a mais na vida, distrair com ilusão autêntica o que não é feliz ou tarda.
…lugares próprios para a distracção, para pôr de lado raciocínios, onde há músicas que não pensam e falam de tudo, depressa, num segundo, o bastante para recordar ao de leve e até ao fundo as doces e as tristes lembranças, e passar logo para não pensar, e ter os olhos cheios de luzes, e os ouvidos cheios de sons, e entretidos todos os sentidos, e a alegria estupenda, artificial, autêntica, suspensa, no ar, uma coisa leve, sem peso, sem significado, sem feitio, imaterial mas a encher admiravelmente aquele momento!
Os atentos são os únicos que não ignoram quanto a distracção dos sentidos lhes limpa a própria atenção. Quanto mais perdidos nos parecem os sentidos, mais livres regressam à nossa visualidade, ao entendimento justo das coisas. Esta é a significação dos espectáculos, das diversões, das viagens, de toda a distracção. Porém, nas casas abertas toda a noite, os personagens estão ali ferozmente presentes na nossa frente para não podermos duvidar. Depois da meia o juízo foi-se deitar e tudo serve de álcool para desequilibrar os sentidos habituados a ver tudo em pé! E isto às vezes é o bastante para se reparar que afinal o que estava de pé era a ilusão, e a realidade de rastos.
- Champanhe! Mais champanhe! – mandava o Antunes aos criados.
É a sensação mais horrorosa que possa imaginar-se aparecer de repente a verdade a uma pessoa que faz por iludir-se. O Antunes desejava que a festa tivesse ainda mais brilho, mais artifício, mais música, mais barulho, mais fantasia, mais vertigem. Ele queria a verdadeira mentira, essa que vale tanto de noite como a verdade de dia. Mas por mais que fizesse não conseguia deixar de ver diante de si em todos os homens e em todas as mulheres caricaturas grotescas, estrangeiras, tortas, incompreensíveis, inúteis, vivas, em carne e osso, como gente, hediondas, malditas, metamorfoses que não prosseguem, que ficam informes, aos pedaços, mal feitas, mal fabricadas, erradas, empecilhos, envenenadores da memória, mascarados, oiro de cenografia vista ao pé, papelão a fingir carne, barato e sem ilusão.
Almada Negreiros, Nome de Guerra

João Paulo Fonseca

domingo, 18 de outubro de 2009

Andam Faunos Pelos Bosques - Aquilino Ribeiro

"Aqueles lábios, que beijara sôfrego , se eram meigos a gemer, melhor sabiam iludir; aquelas mãos ,de tão amorosa presa, engenhosa e docilmente haviam obedecido ao génio perverso que concertara o entremez dos cabelos e roupas em desalinho, aquele peito alvo e arredondado , donde se exalavam sopro de amêndoas e tomilho , sabia fingir à perfeição os suspiros e as vozes mais sentidas da tragédia. Nunca mais a queria ver, detestava-a. Nesta aversão, é certo, não entravam como determinativas principais a sua repugnância de homem limpo pela fraude, nem o seu despeito de homem, manifestamente superior a ela em entendimento e prática da vida, ao ver-se logrado. Não, a sua maior raiva estava na infidelidade mental que ela perpetrara metendo entre os dois um outro, homem ou monstro, não importa. Daí lhe vinha a mais funda repugnância pela impostura da rapariga. Infidelidade cerebral que fosse, ofendia-o tão irreparavelmente como a outra cometida corpo a corpo, bêbeda de gozo."

Escolhi esta passagem do livro para mostrar como o narrador descreve, neste caso, a mulher, de um modo que revela a impressão que ela nele causou… Esta parte do livro narra quando a namorada de Teodoro engravida dele, mas espalha pela aldeia que o filho é de um monstro que por ali anda a atacar as raparigas… ele fica desiludido com esta atitude e cai em desespero! Mas, no fim, ela pede-lhe desculpa, dizendo que fez aquilo porque ele é padre… Ele acaba por perdoá-la!

Célia Fonseca 11.º E




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sábado, 17 de outubro de 2009

As Naus - António Lobo Antunes

As Naus, de António Lobo Antunes, fala de nomes importantes da História de Portugal como Pedro Álvares Cabral, Gil Eanes, Digo Cão, Vasco da Gama, Luís de Camões de uma forma próxima da carticatura, de forma irónica, mostrando o lado mais obscuro de cada um deles. Todos estes homens regressam de Angola da guerra colonial e não têm para onde ir ficando na Residencial Apóstolo das Índias. Para além disso, encontram um país com o qual já não se identificam.
O excerto de que eu mais gostei foi este:
"Era uma vez um homem de nome Luís a quem faltava a vista esquerda, que permaneceu no Cais de Alcântara três ou quatro semanas, pelo menos, sentado em cima do caixão do pai, à espera que o resto da bagagem aportasse no navio seguinte. Dera aos estivadores, a um sargento português bêbedo e aos empregados da alfândega a escritura da casa e o dinheiro que trazia, vira-os içar o frigorífico, o fogão e o Chevrolet antigo, de motor delirante, para uma nau que aparelhava já, mas recusou separar-se da urna apesar das ordens de um major gorducho (Você nem sonhe que leva essa gaita consigo), um féretro de pegas lavradas e crucifixo no tampo, arrastado tombadilho fora perante o pasmo de comandante que se esqueceu do nónio e levantou a cabeça, tonta de cálculos, para olhá-lo, no momento em que o homem de nome Luís desaparecia no porão e encaixava o morto sob o beliche, como os restantes passageiros faziam aos cestos e às malas. Depois estendeu-se no cobertor, poisou a nuca nas palmas e entreteve-se a seguir o crochet meticuloso das aranhas e o cio dos ratos nas vigas do tecto cobertas de caranguejos e percebes, sonhando com os braços nocturnos das negras carecidas."

Gostei deste excerto pela sua ironia, sobretudo, pelo facto de vermos Luís de Camões "carregado" com a urna do pai a quem não conseguia dar um enterro.
Ana Patrícia, 11.ºE
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quarta-feira, 14 de outubro de 2009

A Brasileira de Prazins - Camilo Castelo Branco

O livro que eu estou a ler é "A Brasileira de Prazins", de Camilo Castelo Branco.
O capítulo que mais gostei, até agora, foi o 1º capítulo.
Marta, era filha de Simeão, um lavrador mediano, era uma rapariga muito alva, magrinha, de cabelo atado, muito limpa, muito séria com propósitos de mulher e ares muito sonsos - diziam as outras, que lhe chamavam a "Songuinha". Os rapazes chamavam-na "boa pequena, franga e peixão".
Apaixonou-se por ela o Zeferino da Lamela, um pedreiro, mestre de obra, muito endinheirado, que gostava deveras da moça. Ele já passava dos trinta e dois e era a primeira vez que sentia no coração as alvoradas do amor. Zeferino, sabedor de que o pai de Marta estava endividado, propõe-lhe um negócio: pagava-lhe as dívidas e em troca recebia Marta. Simeão, muito contente com o negócio, dá-lhe a sua palavra: "A Rapariga é sua".
O narrador diz-nos na página 49 "Negociara a filha como tinha negociado com o Tarracha a vaca amarela na feira".
Ele vendera a vaca para sobreviver, porque já não queria a vaca para nada, como também negociara a filha para pagar as dívidas que tinha. Simeão é um homem muito egoísta, ganancioso e muito interesseiro.
Esta personagem assemelha-se a algumas pessoas de hoje, pois há pessoas que só pensam nelas, sem querer saber dos outros, dos problemas da actualidade (que são sérios, como é o caso da fome, da pobreza e da miséria). Ele só se preocupava em pagar as dívidas e não se preocupava com a felicidade da filha.

Andreia Duarte Tomás 11.º E Nº7




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sábado, 10 de outubro de 2009

Jogos de Azar - José Cardoso Pires

Estou a ler o livro Jogos de Azar, de José Cardoso Pires. Esta história começa por contar uma viagem de um pescador que descobriu uma fonte perto de Albufeira. Fala-se da fome, das suas consequências, de como se propaga e o porquê.
"Para mim a charrua lançada aos corvos é um exemplo figurado da amputação do homem, um testemunho de certa destruição que se exerce não imediatamente sobre ele, criatura física, mas sobre os instrumentos que o rodeiam, sobre os gestos e sobre as manifestações de actividade que o tornam utilizável como o homem. E isso é uma outra espécie de fome, uma outra destruição." Mostra-nos como as pessoas têm que estar atentas em relação aos problemas que a sociedade enfrenta. Muitos dos problemas existem por culpa do ser humano, por causa do seu egoísmo.

Inês Ferreira, 11ºD, nº13



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sexta-feira, 9 de outubro de 2009

O dia cinzento e outros contos - Mário Dionísio

O livro que estou a ler é O dia cinzento e outros contos, de Mário Dionísio.

O conto de que vou falar é Os sapatos da irmã. Este conto fala de um rapaz chamado Fernando que tinha uma baixa auto-estima, porque achava que todos eram melhores que ele e que, por mais que se esforçasse, nunca conseguiria ser tão bom como eles, nunca teria a agilidade da Angelina e nunca seria tão corajoso como o Bitá.

Para além destas frustações, Fernando tinha um pai que era muito rígido e castigava-o, fazendo-o passar por situações que o envegonhavam aos olhos dos outros, o que também contribuia para ele ser assim.

Um dia, ele estava a brincar com a Angelina e não deu por as horas passarem e, por isso, chegou tarde a casa. O seu pai, que destava atrasos, castigou-o de forma ridícula, obrigando-o a ir para a escola, no dia seguinte, com os sapatos altos da irmã.

No dia seguinte, a caminho da escola, encontrou a Angelina que fez troça dele. Isto fê-lo sentir muito mal, pois considerava-a amiga dele. Depois encontrou Gabriel que o encorajou a ir para escola e para não ter vergonha. Fernando sentiu-se mais confiante e feliz por saber que podia confiar em Gabriel, mas, quando chegou à escola, toda a gente se riu dele, incluindo Gabriel que, por todos estarem a fazer pouco dele, acabou por fazer, também. Então, nesse dia, Fernando não voltou para casa. Andou até se sentir bem longe de casa, parou perto de um rio onde havia carregamentos de caixotes. Aí havia várias crianças e adultos descalços e ninguém reparava se estava de sapatos de senhora ou não, o que o fez sentir bem.

Aida nº1 11ºE



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quinta-feira, 8 de outubro de 2009

O Cais das Merendas - Lídia Jorge

O Cais das Merendas, de Lídia Jorge, publicado em 1982, coloca-nos, antes de tudo, perante duas questões fulcrais: uma, no que diz respeito ao conteúdo/temática; outra, no que concerne à forma ou, se quisermos, ao processo como narrativamente a escrita se configura.
Assim, em primeiro lugar, estamos perante uma obra que nos questiona sobre a colonização cultural que Portugal vive nos tempos subsequentes ao 25 de Abril de 1974. Um grupo de personagens de caracteres multifacetados, por vezes controversos, mas espelhos de grupos/indivíduos que são identificáveis com os portugueses, mais ou menos desenraizados da jovem democracia, e que procuram uma afirmação cultural entre o que vem do estrangeiro e as suas raízes culturais. Isto mesmo constatamos quando as diversas personagens se socorrem do inglês ou do francês, mas também, de dialectos da língua portuguesa…
Por outro lado, em O Cais das Merendas, estamos perante uma obra literária que rompe com o modus operandi da estética realista, uma vez que ultrapassa os limites da imitação do mundo real; por conseguinte, em O Cais das Merendas estamos entre o real e o irreal, quer por causa da intriga, quer como processo narrativo. Quer isto dizer que, na linha do pós-modernismo, O Cais das Merendas insere-se numa linha descontruccionista dos géneros literários, nomeadamente no que diz respeito à entidade narrativa. Esta é uma voz plural que ora se torna presente, sobretudo quando invoca Rosária – uma personagem/leitora, ou ambas, simultaneamente? – ora desaparece, deixando que uma outra personagem assuma o relato da história. Mas também a mancha gráfica das histórias que se encaixam na narrativa e a pontuação dos diálogos merecem uma atenção especial que ultrapassa os limites deste comentário.
Em suma, O Cais das Merendas inquieta-nos ideologicamente e faz-nos reflectir sobre a nossa identidade cultural. Não deixa de ser curiosa a própria metáfora do título que faz do país um cais à beira-mar plantado, onde os turistas/rurais/trabalhadores se divertem, se encontram e se questionam… Sobre o papel reservado a Portugal no quadro europeu e atlântico? De igual modo, estilisticamente, esta obra pós-modernista requer do leitor uma imbricação, durante o acto de ler, semelhante ao degustar de um excelente néctar…

Leiamos um pequeno excerto:
“A vigésima foi longa, mas de dizer muito breve. Porque daquela vez Sebastião Guerreiro tinha resolvido não alinhar. Ficaria a ouvir as notícias, sentado na cama, uma almofada atrás, à escuta de uma palavra familiar, pelo menos de de som. As insónias estavam a deixá-lo parco. Serviria mesmo thames, hyde park, big bem, ou um simples nome de pessoa como edward, jonhnny, e assim. Não iria. Também porque o mundo era redondo e miss Laura deveria estar em algum dos sítios onde se ouvisse o mesmo, à mesma hora, ou pelo menos semelhante. Não iria. Que fossem. Sabia que estava dispensado sempre que quisesse, mas não queria. E não iria. Escusavam vir fazer toc toc à porta chamando-o. Sebastião. O Alguergue estava deserto, os quartos tão vazios nesse meio-dia, e tão limpos, tão fechados, que pareciam coisas mastabas fazendo figas com as portas. Mas não, não iria. Apenas dois ou três hóspedes solitários, em quartos alternados para se facilitar o contacto sem promover contudo a intimidade forçada. E não iria. Aliás, para ser franco, também não compreendia aquele gosto de fazerem party lá fora, tendo casa asseada e mesa à disposição. Telhado firme a proteger do vento. Poderiam pensar que queria aproveitar a tarde para ver se quem estava nos quartos era homem ou mulher, como antes, mas não, enganavam-se. Depois de miss Laura sentia-se canário a quem tinham tirado o poleirinho do canto. Sem a menor vontade de tomar iniciativas, nem de olhar para outro pássaro. Viessem elas aos bandos e de roupas já de zip aberto. Estava interessado em não ir, não iria.”
Lídia Jorge in O Cais das Merendas, p. 110
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João Paulo Fonseca