sábado, 14 de novembro de 2009

A Brasileira de Prazins - Camilo Castelo Branco

Quando nasceu a primeira filha de Marta, esta não demonstrava grande afecto pelo bebé.

A sua loucura também aumentou: três dias antes de cada ataque, ela dava-se a extravagâncias e tinha delírios: trancava-se no quarto com muitos vasos de flores, à espera do seu José Dias.

Quando Feliciano percebia que um ataque se aproximava, dormia noutra cama. Já se tinha arrependido do casamento e não achava mau ficar viúvo. Assim que os ataques epiléticos de Marta passavam e ela recaía numa serena indolência, numa impassibilidade mansa e tranquila, o tio ia-se deitar com ela, pois, para ela, eram necessidades imperiosas da sua fisiologia. Foi assim que, em sete anos, Marta deu cinco filhos ao marido. Segundo o médico, a demência de Marta era funcional e as faculdades reprodutoras não tinham nada a ver com as anormalidades cerebrais. Deus não teve a bondade de fazer estéreis as dementes.

A cada dia que passava, Feliciano tornava-se mais sovina e egoísta, comprando todas as quintas da região. Os médicos já o considerava lunático, pois ele falava sozinho.

Em 1882, ano em que o autor terminou a escrita do livro, Marta tinha cinquenta e três anos e desde 1848, ano da morte de D. Teresa, Marta nunca mais saiu do quarto e ainda continuava repetindo as mesmas palavras de há quarenta anos atrás.

Duas filhas de Marta casaram-se e eram mães e os outros filhos cresceram tristes, sem infância.

Andreia Tomás 11.ºE, Nº7




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