sábado, 31 de outubro de 2009

A Morte do Palhaço e o Mistério da Árvore - Raúl Brandão

O livro que trabalhei no primeiro PIL é da autoria de Raúl Brandão. A obra « A Morte do Palhaço e o Mistério da Árvore» tem como tema o sonho, a questão do (não) saber viver. Brandão critica o estilo de vida adoptado por todas as personagens da obra, que têm uma característica em comum, são todas alucinadas. De entre as personagens, destacam-se o Palhaço e o filosofo Pitá. De todos, este é o único que consegue viver entre o sonho e a realidade, o que vive mais de acordo com a realidade, o que é capaz de lidar com as « asperezas» da vida.

K. Maurício é a personagem principal e em torno da qual toda a história se desenvolve. « Ponho-me a ver e no fundo do meu ser não encontro senão egoísmo e vaidade... quando uma doença ou a morte dos outros me torcem os nervos, porque é que tenho pena canalha? É porque me vejo ,logo, a mim estendido, doente ou morto(...) quando vejo alguém feliz demonstro apenas alegria e felicidade exterior porque na minha alma odeio-os a todos... quem odeio são os meus amigos, porque triunfam... quem adoro são os desconhecido... (pág. 89 e 90). Esta citação apresenta a personalidade e o mau carácter de Maurício, a personagem mais criticada de todas pelo o autor. Maurício é uma pessoa infeliz e compara-se a uma árvore; esta simboliza duas coisas distintas: a vida, pois Maurício compara-se a ela, reconhecendo que esta é mais feliz do que ele, pois é dotada de vida ao contrário dele; por outro lado, simboliza a alma, a personalidade da personagem principal, como podemos comprovar no último capítulo « O Mistério da Árvore» . Este capítulo conta a história de um Rei ( Maurício): o seu reino tinha apenas uma árvore e esta servia para enforcar as pessoas felizes que tinham a ousadia de entrar num reino onde foi proibida a felicidade. Na minha opinião, neste capítulo, a árvore esgalhada e seca, cujos frutos eram cadáveres traduz a alma de Maurício, porque nela também toda a gente « morria» de um certa forma, pois Maurício, quando via alguém feliz, também os enforcava, uma vez que sentia raiva e inveja deles só porque conseguiam ser felizes e ele não. Está assim desvendado o « mistério da árvore»...

Apesar de não ser uma das minhas preferências literárias, esta é uma obra que me despertou uma enorme curiosidade do início ao fim. O objectivo de Raul Brandão é dar-nos uma lição de vida, transmitir ao leitor que a vida deve ser vivida mesmo com « asperezas», pois se assim não for, se apenas sonharmos, vamos concerteza sofrer ainda mais, tal como as personagens desta obra. Quanto ao estilo do autor, gostei. Não tem muitas descrições, mas usa muitos recursos estilísticos...

Tudo isto para dizer que foi o primeiro livro que li deste autor e que gostei de tudo: do tema, do estilo e aconselho-o a todos os leitores!

Jéssica

sexta-feira, 30 de outubro de 2009

Novos Contos da Montanha - Miguel Torga

Este livro é formado por vinte e dois contos; alguns são mais fáceis de compreender do que outros...
Em todos os contos o autor apresenta passagens e conhecimentos sobre a vida na montanha - Trás-os-Montes.
Dos contos deste livro, nós podemos retirar algumas lições de vida, como por exemplo no conto " A confissão" que nos demonstra que não devemos acusar ninguém sem termos provas.
O medo, neste conto, também está presente, porque o autor do livro descreve a personagem como sendo uma pessoa com medo.
Eu gostei de ler este livro, porque nos demonstra algumas coisas importantes para o nosso dia-a-dia.

Vânia Morais, n.º25; 11.ºE



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Novos Contos da Montanha - Miguel Torga

O conto A Confissão fala-nos de um senhor chamado Armindo. Este senhor era acusado de ter cometido um crime, o de ter assaltado uma casa.
O sargento Reinaldo batia-lhe com um cinturão, torturando-o para o senhor Armindo para este confessar o crime, mas o senhor Armindo não podia confessar um crime que não tinha cometido.
Uma vizinha chamada Julia Garrido incriminava, também, o senhor Armindo, dizendo que tinha visto a sombra deste senhor a fugir no caminho, quando esta correu, alarmada pelo barulho, para a janela, vendo a sombra do senhor Armindo que fugia pelo caminho.
Armindo, estava na prisão, na miséria e com marcas em todas as partes do corpo de tanta pancada que levara do sargento Reinaldo.
Armindo só tinha um recurso que era fugir da prissão, nessa madrugada, porque no dia seguinte, iria ser executado, uma vez que não tinha provas para defender a sua inocência. Então o senhor Armindo foge, nessa noite, tendo só tempo de passar em casa, trocar de roupa e pedir dinheiro emprestado, atravessando, assim, a fronteira, antes do sol se pôr.
Enquanto o senhor Armindo estava fugido, os assaltos na aldeia continuavam a acontecer, por isso não podia ser o senhor Armindo a assaltar as casas porque este estava ausente da aldeia.
Passado meio século, o senhor Armindo volta à aldeia, já velho, mas com as marcas de todas as pancadas que o sargento Reinaldo lhe tinha dado, injustamente.
No dia seguinte à chegada do senhor Armindo, este foi logo presente a tribunal e foi provada toda a sua inocência. No fim do julgamento, o sargento Reinaldo morreu. Porém, mesmo se este não tivesse morido, o senhor Armindo iria fazer justiça pela suas próprias mãos, pois seria essa a forma de se vingar de todas as pancadas que o sargento lhe tinha dado, injustamente. Assim, ao senhor Armindo só lhe restou pregar dois pares de estalos ao cadáver, quando este já se encontrava vestido e dentro do caixão.

Vânia Morais, n.º25, 11.ºE





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quarta-feira, 28 de outubro de 2009

Cinco Reis de Gente - Aquilino Ribeiro

O livro que estou a ler chama-se Cinco reis de gente, de Aquilino Ribeiro. É um livro que aborda a infância do autor/narrador, relatando as peripécias dos tempos de criança.

O excerto da obra que eu apresentei na aula, no fórum, não foi o que eu mais gostei ao longo da obra, mas uma vez que alude ao baptizado do narrador, achei que poderia ter sido um marco importante na sua infância.

Nesta obra conseguimos "sentir" a presença do autor, pois tudo o que ele aborda no seu livro repercutiu-se na vida dele. Ou seja, verificamos a presença/importância desta obra na sua biografia, desde o gosto pela escrita até ao seminário, quando em pequeno, o capitão José Francisco Vicente lhe havia prometido o lugar como sacristão nas igrejas de Lisboa.

Curiosamente, e a propósito de Aquilino Ribeiro, numa pesquisa alusiva ao autor, paralelamente ás suas obras, encontrei a seguinte frase "Sei que morrer é mais fácil do que se pensa e não obstante tenho medo da morte...", que vem contradizer todos os medos relativamente à morte que o autor nos mostra nesta obra. Desde o medo das aves, que a sua tia dizia voarem sobre as casas daqueles que estavam para morrer, até á repugnância que sentia pelos coveiros que via passarem no cemitério.

Toda esta a obra esta nos remete para a vida do seu autor.

Francisca Macara




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sexta-feira, 23 de outubro de 2009

Uma Abelha na Chuva - Carlos de Oliveira

A história começa com Silvestre a chegar a Montouros, num dia muito chuvoso. Vai direitinho para a redacção do Comarca, o Jornal, cujo director era o Medeiros. Álvaro Silvestre era um homem sem escrúpulos, um proprietário rural, completamente fracassado e, no plano amoroso sente-se ofendido pelo desinteresse da sua esposa vive roído de ciúmes e inveja por sua esposa gostar do cocheiro. Silvestre teve uma infância muito má, triste, mas, jovem, não era um homem sem escrúpulos, mas sim obcecado pela verdade. Porém, a partir do momento que ele casa com D. Maria tudo muda, pois o casamento deles foi um casamento arranjado pelas famílias. A família de sua mulher era uma família muito gananciosa, só queria dinheiro para serem mais importantes e poderosos e tudo faziam para obter essa riqueza. É por estes motivos todos que Álvaro Silvestre não aguenta mais e fica louco. Por isso, decide ir à Comarca falar com o Senhor Medeiros para publicar uma confissão onde declarava todos os roubos que fizera por imposição de sua mulher. O senhor Medeiros, quando leu a carta, não acreditou no que estava a ler e pergunta-lhe se estava bem. É que ele não podia publicar aquilo na primeira página, mas Álvaro insistia e Medeiros perguntou como ficaria a sua esposa e este respondeu que ela nunca poderia saber daquela conversa e daquela confissão. De repente, aparece D. Maria dos Prazeres à procura de Álvaro e vai à Comarca onde o encontra. Este tenta esconder a carta no bolso para que esta não saiba, pois isso poderia vir a ser um grande problema, uma vez que era ela que mandava nele. Ele fazia tudo o que ela queria por essa razão é que entrou nessa estado de loucura. è a partir daqui que a acção do romance se vai desenrolar...

Eis a confissão que Silvestre queria publicar no jornal A Comarca:

"Eu, Alvaro Rodrigo Silvestre, comerciante e lavrador no Montouro, freguesia de S. Caetano, conselho de corgos, juro por minha honra que tenho passado a vida a roubar os homens na terra e a Deus no céu, porque até quando fui mordomo da Senhora de Montouro sobrou um milho das esmolas dos festeiros que despejei nas minhas tulhas. Para alguma salvaguarda juro também que foi a instigações de D. Maria dos Prazeres Pessoa de Alva Sancho Silvestre, minha mulher, que andei de roubo em roubo, ao balcão, nas feiras, na soldada dos trabalhadores e na legítima do meu irmão Leopoldino, de quem sou procurador, vendendo-lhe os pinhais sem conhecimento do próprio, e agora vem ele de África para minha vergonha, que não lhe posso dar contas fiéis. A remissão começa por esta confissão ao mundo. Pelo padre, pelo filho, espírito Santo, seja eu perdoado e por quem mais me poder fazer."

Telma



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Novos Contos da Montanha - Miguel Torga

Eis um excerto de A Confissão, conto de Miguel Torga:
"Talvez os outros o fizessem. Ele é que nunca. Nem tinha a certeza, nem era denunciante. Portanto, só havia um recurso: fugir.
E fugira, realmente, nessa mesma noite, coisa que não passara sequer pela cabeça do guarda.
Tanto assim que nem sentinela mandará pôr a porta da velha cadeia concelhia onde agora o guardava sozinho. Embora escapulindo-se, confirmava para o resto da sua vida a acusação que lhe faziam, às tantas da manhã, com energia, a paciência e a arte de que apenas se é capaz nas horas apertadas ala que se faz tarde.
Passou por casa, mudou de roupa, pediu dinheiro emprestado, e antes do sol se pôr atravessou a fronteira.
Voltará agora decorrido meio século, velho, pobre, amargurado com toda uma existência de exilado atrás de si e dorido ainda dos golpes injustos que receber."

Este excerto fala-nos de um senhor que se chamava Armindo que é acusado de um crime que não cometeu, por isso foi obrigado a fugir, porque já estava farto de levar pancado do guarda, que se chamava Reinaldo.
A polícia tinha uma testemunha que confirmará que era a ele que tería visto, mas o senhor Armindo continuava a negar e o guarda dizia-lhe que teria de esperar até ao outro dia de manhã, porque era quando se iria realizar o seu julgamento.
Mas o senhor armindo fugiu, nessa madrugada, sem o guarda dar conta pois não queria ser julgado por um erro que não tinha cometido.
O sonhor, depois de ter fugido da prisão, só teve tempo de passar por casa, trocar de roupa, pedir algum dinheiro emprestado e atravessar a fronteira, antes do pôr-do-sol.
Passado meio século, o senhor Armindo voltará já velho e com as marcas de lhe terem batido injustamente.

Vânia Morais, nº25,
11.ºE




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Novos Contos da Montanha - Miguel Torga

O livro que eu estou a ler é "Novos Contos da Montanha" e o autor deste livro é Miguel Torga.
Este livro é composto por vinte e dois contos e em todos os contos o narrador nos fala de algo relacionado com a vida do autor.
Dos vinte e dois contos, aqueles de que mais gostei foram: " Fronteira", "Mariana", "A Confissão" e "O Regresso".
Estes contos foram aqueles que mais me despertaram a atenção.
Até ao último conto que li, posso dizer que estou a gostar de ler este livro.

Vânia Morais, nº25, 11.ºE



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quinta-feira, 22 de outubro de 2009

A Morte do Palhaço e o Mistério da Árvore - Raúl Brandão

Para este primeiro PIL comecei por ler um livro sugerido pelo professor da disciplina. Uma obra de Raul Brandão: « A morte do palhaço e o mistério da árvore». À primeira vista, o título da obra não nos adianta muito sobre a história do livro. Mas ao lermos as primeiraspáginas, concluímos que é uma história fantástica e que através dela o narrador ( personagem) dá uma lição de moral a todos aqueles que passam ao lado da vida, que vivem no mundo do sonho, rodeados de ilusões e que não sentem as «asperezas da vida». Fá-lo, contando a história de vida do seu amigo K. Maurício ( personagem principal) que morreu por não saber viver « por ter vivido muito, mas não ter vivido nada». A vida dele era baseada no sonho, até as suas paixões eram puras ilusões. Maurício chegou mesmo a imaginar como seria a sua amada. Nada na sua vida era real, por esse motivo é que sofria tanto. Ao descrever o amigo, o narrador diz-nos que ele vivia num mundo à parte,«onde ele era rei ou palhaço». K. Maurício era considerada uma pessoa alucinada que sofria muito, por isso, muitas vezes, escrevia sobre a sua dor. Era uma espécie de diário ao qual Maurício pôs o título de «A morte do palhaço». Depois de ter lido este primeiro capítulo, entendi qual o significado da primeira parte do título desta obra, que tanto estou a gostar deler. Falta-me agora descobrir o sentido do resto do mesmo título « o mistério da árvore», será que agora o narrador nos vai falar sobre a vida da «árvore», sendo esta um grande mistério?…Terá o narrador mais alguma lição de moral para nos proporcionar? A estas perguntas procurarei responder no final da minha leitura.

Jéssica Caetano nº 18 11.º E

Nome de Guerra - Almada Negreiros

Almada Negreiros, pintor e escritor, nasceu em S. Tomé e Príncipe, em 1893 e faleceu, em Lisboa, em 1970. Como artista plástico, o seu trabalho levou-o a fazer parte da Academia Nacional de Belas Artes, onde foi admitido em 1966. Bastante conhecido é o seu retrato de Fernando Pessoa. Como escritor, marcou uma época e, juntamente com Fernando Pessoa, desencadeia um movimento de reforma da vida cultural e sobretudo literária de Portugal, quando, em 1915, depois do primeiro número da revista Orpheu, lança o Manifesto Anti-Dantas – um ataque corrosivo e profundamente satírico à literatura tradicional, representada por Júlio Dantas.
Em Nome de Guerra, cujas personagens principais são o Antunes e Judite – aquele é um bem-nascido, rico, porém, fruto de uma educação conservadora, desconhece o mundo e as suas seduções…; esta é uma prostituta lisboeta, altiva e consciente do fascínio que desperta nos homens – encontramos todo um processo de auto-descoberta por que passa este jovem ido da província para Lisboa.
Um romance em que conta sobretudo a evolução interior, a evolução do carácter de Antunes e a visão que ele tem de si próprio, dos outros e do mundo. As mudanças que esta personagem vive em tão pouco tempo de permanência em Lisboa, permitem-nos, através da ficção literária de Almada Negreiros, descobrir o sentido que este dá às necessárias – mesmo se violentas – mudanças pelas quais Antunes e, no fundo, tudo o ser humano tem de passar. É voz corrente dizer-se que crescer dói; dizemos, também, que ninguém é uma ilha isolada; pois bem, em Nome de Guerra encontramos o choque de personalidades como processo de descoberta e construção da própria personalidade. Assim se entende a moralidade do romance com que o narrador termina: “Não te metas na vida alheia se não queres lá ficar.”
Eis um excerto de Nome de Guerra:
De vez em quando abria-se mais uma garrafa de champanhe na mesa do Antunes e o estrondo parecia um desafio à sala inteira. Quanto mais crescia a animação nesta mesa mais o resto parecia tumular e esmagado. Mas não era tal um desafio, era o verdadeiro prazer próprio destas casas: passar o tempo que está a mais na vida, distrair com ilusão autêntica o que não é feliz ou tarda.
…lugares próprios para a distracção, para pôr de lado raciocínios, onde há músicas que não pensam e falam de tudo, depressa, num segundo, o bastante para recordar ao de leve e até ao fundo as doces e as tristes lembranças, e passar logo para não pensar, e ter os olhos cheios de luzes, e os ouvidos cheios de sons, e entretidos todos os sentidos, e a alegria estupenda, artificial, autêntica, suspensa, no ar, uma coisa leve, sem peso, sem significado, sem feitio, imaterial mas a encher admiravelmente aquele momento!
Os atentos são os únicos que não ignoram quanto a distracção dos sentidos lhes limpa a própria atenção. Quanto mais perdidos nos parecem os sentidos, mais livres regressam à nossa visualidade, ao entendimento justo das coisas. Esta é a significação dos espectáculos, das diversões, das viagens, de toda a distracção. Porém, nas casas abertas toda a noite, os personagens estão ali ferozmente presentes na nossa frente para não podermos duvidar. Depois da meia o juízo foi-se deitar e tudo serve de álcool para desequilibrar os sentidos habituados a ver tudo em pé! E isto às vezes é o bastante para se reparar que afinal o que estava de pé era a ilusão, e a realidade de rastos.
- Champanhe! Mais champanhe! – mandava o Antunes aos criados.
É a sensação mais horrorosa que possa imaginar-se aparecer de repente a verdade a uma pessoa que faz por iludir-se. O Antunes desejava que a festa tivesse ainda mais brilho, mais artifício, mais música, mais barulho, mais fantasia, mais vertigem. Ele queria a verdadeira mentira, essa que vale tanto de noite como a verdade de dia. Mas por mais que fizesse não conseguia deixar de ver diante de si em todos os homens e em todas as mulheres caricaturas grotescas, estrangeiras, tortas, incompreensíveis, inúteis, vivas, em carne e osso, como gente, hediondas, malditas, metamorfoses que não prosseguem, que ficam informes, aos pedaços, mal feitas, mal fabricadas, erradas, empecilhos, envenenadores da memória, mascarados, oiro de cenografia vista ao pé, papelão a fingir carne, barato e sem ilusão.
Almada Negreiros, Nome de Guerra

João Paulo Fonseca

domingo, 18 de outubro de 2009

Andam Faunos Pelos Bosques - Aquilino Ribeiro

"Aqueles lábios, que beijara sôfrego , se eram meigos a gemer, melhor sabiam iludir; aquelas mãos ,de tão amorosa presa, engenhosa e docilmente haviam obedecido ao génio perverso que concertara o entremez dos cabelos e roupas em desalinho, aquele peito alvo e arredondado , donde se exalavam sopro de amêndoas e tomilho , sabia fingir à perfeição os suspiros e as vozes mais sentidas da tragédia. Nunca mais a queria ver, detestava-a. Nesta aversão, é certo, não entravam como determinativas principais a sua repugnância de homem limpo pela fraude, nem o seu despeito de homem, manifestamente superior a ela em entendimento e prática da vida, ao ver-se logrado. Não, a sua maior raiva estava na infidelidade mental que ela perpetrara metendo entre os dois um outro, homem ou monstro, não importa. Daí lhe vinha a mais funda repugnância pela impostura da rapariga. Infidelidade cerebral que fosse, ofendia-o tão irreparavelmente como a outra cometida corpo a corpo, bêbeda de gozo."

Escolhi esta passagem do livro para mostrar como o narrador descreve, neste caso, a mulher, de um modo que revela a impressão que ela nele causou… Esta parte do livro narra quando a namorada de Teodoro engravida dele, mas espalha pela aldeia que o filho é de um monstro que por ali anda a atacar as raparigas… ele fica desiludido com esta atitude e cai em desespero! Mas, no fim, ela pede-lhe desculpa, dizendo que fez aquilo porque ele é padre… Ele acaba por perdoá-la!

Célia Fonseca 11.º E




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sábado, 17 de outubro de 2009

As Naus - António Lobo Antunes

As Naus, de António Lobo Antunes, fala de nomes importantes da História de Portugal como Pedro Álvares Cabral, Gil Eanes, Digo Cão, Vasco da Gama, Luís de Camões de uma forma próxima da carticatura, de forma irónica, mostrando o lado mais obscuro de cada um deles. Todos estes homens regressam de Angola da guerra colonial e não têm para onde ir ficando na Residencial Apóstolo das Índias. Para além disso, encontram um país com o qual já não se identificam.
O excerto de que eu mais gostei foi este:
"Era uma vez um homem de nome Luís a quem faltava a vista esquerda, que permaneceu no Cais de Alcântara três ou quatro semanas, pelo menos, sentado em cima do caixão do pai, à espera que o resto da bagagem aportasse no navio seguinte. Dera aos estivadores, a um sargento português bêbedo e aos empregados da alfândega a escritura da casa e o dinheiro que trazia, vira-os içar o frigorífico, o fogão e o Chevrolet antigo, de motor delirante, para uma nau que aparelhava já, mas recusou separar-se da urna apesar das ordens de um major gorducho (Você nem sonhe que leva essa gaita consigo), um féretro de pegas lavradas e crucifixo no tampo, arrastado tombadilho fora perante o pasmo de comandante que se esqueceu do nónio e levantou a cabeça, tonta de cálculos, para olhá-lo, no momento em que o homem de nome Luís desaparecia no porão e encaixava o morto sob o beliche, como os restantes passageiros faziam aos cestos e às malas. Depois estendeu-se no cobertor, poisou a nuca nas palmas e entreteve-se a seguir o crochet meticuloso das aranhas e o cio dos ratos nas vigas do tecto cobertas de caranguejos e percebes, sonhando com os braços nocturnos das negras carecidas."

Gostei deste excerto pela sua ironia, sobretudo, pelo facto de vermos Luís de Camões "carregado" com a urna do pai a quem não conseguia dar um enterro.
Ana Patrícia, 11.ºE
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quarta-feira, 14 de outubro de 2009

A Brasileira de Prazins - Camilo Castelo Branco

O livro que eu estou a ler é "A Brasileira de Prazins", de Camilo Castelo Branco.
O capítulo que mais gostei, até agora, foi o 1º capítulo.
Marta, era filha de Simeão, um lavrador mediano, era uma rapariga muito alva, magrinha, de cabelo atado, muito limpa, muito séria com propósitos de mulher e ares muito sonsos - diziam as outras, que lhe chamavam a "Songuinha". Os rapazes chamavam-na "boa pequena, franga e peixão".
Apaixonou-se por ela o Zeferino da Lamela, um pedreiro, mestre de obra, muito endinheirado, que gostava deveras da moça. Ele já passava dos trinta e dois e era a primeira vez que sentia no coração as alvoradas do amor. Zeferino, sabedor de que o pai de Marta estava endividado, propõe-lhe um negócio: pagava-lhe as dívidas e em troca recebia Marta. Simeão, muito contente com o negócio, dá-lhe a sua palavra: "A Rapariga é sua".
O narrador diz-nos na página 49 "Negociara a filha como tinha negociado com o Tarracha a vaca amarela na feira".
Ele vendera a vaca para sobreviver, porque já não queria a vaca para nada, como também negociara a filha para pagar as dívidas que tinha. Simeão é um homem muito egoísta, ganancioso e muito interesseiro.
Esta personagem assemelha-se a algumas pessoas de hoje, pois há pessoas que só pensam nelas, sem querer saber dos outros, dos problemas da actualidade (que são sérios, como é o caso da fome, da pobreza e da miséria). Ele só se preocupava em pagar as dívidas e não se preocupava com a felicidade da filha.

Andreia Duarte Tomás 11.º E Nº7




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sábado, 10 de outubro de 2009

Jogos de Azar - José Cardoso Pires

Estou a ler o livro Jogos de Azar, de José Cardoso Pires. Esta história começa por contar uma viagem de um pescador que descobriu uma fonte perto de Albufeira. Fala-se da fome, das suas consequências, de como se propaga e o porquê.
"Para mim a charrua lançada aos corvos é um exemplo figurado da amputação do homem, um testemunho de certa destruição que se exerce não imediatamente sobre ele, criatura física, mas sobre os instrumentos que o rodeiam, sobre os gestos e sobre as manifestações de actividade que o tornam utilizável como o homem. E isso é uma outra espécie de fome, uma outra destruição." Mostra-nos como as pessoas têm que estar atentas em relação aos problemas que a sociedade enfrenta. Muitos dos problemas existem por culpa do ser humano, por causa do seu egoísmo.

Inês Ferreira, 11ºD, nº13



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sexta-feira, 9 de outubro de 2009

O dia cinzento e outros contos - Mário Dionísio

O livro que estou a ler é O dia cinzento e outros contos, de Mário Dionísio.

O conto de que vou falar é Os sapatos da irmã. Este conto fala de um rapaz chamado Fernando que tinha uma baixa auto-estima, porque achava que todos eram melhores que ele e que, por mais que se esforçasse, nunca conseguiria ser tão bom como eles, nunca teria a agilidade da Angelina e nunca seria tão corajoso como o Bitá.

Para além destas frustações, Fernando tinha um pai que era muito rígido e castigava-o, fazendo-o passar por situações que o envegonhavam aos olhos dos outros, o que também contribuia para ele ser assim.

Um dia, ele estava a brincar com a Angelina e não deu por as horas passarem e, por isso, chegou tarde a casa. O seu pai, que destava atrasos, castigou-o de forma ridícula, obrigando-o a ir para a escola, no dia seguinte, com os sapatos altos da irmã.

No dia seguinte, a caminho da escola, encontrou a Angelina que fez troça dele. Isto fê-lo sentir muito mal, pois considerava-a amiga dele. Depois encontrou Gabriel que o encorajou a ir para escola e para não ter vergonha. Fernando sentiu-se mais confiante e feliz por saber que podia confiar em Gabriel, mas, quando chegou à escola, toda a gente se riu dele, incluindo Gabriel que, por todos estarem a fazer pouco dele, acabou por fazer, também. Então, nesse dia, Fernando não voltou para casa. Andou até se sentir bem longe de casa, parou perto de um rio onde havia carregamentos de caixotes. Aí havia várias crianças e adultos descalços e ninguém reparava se estava de sapatos de senhora ou não, o que o fez sentir bem.

Aida nº1 11ºE



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quinta-feira, 8 de outubro de 2009

O Cais das Merendas - Lídia Jorge

O Cais das Merendas, de Lídia Jorge, publicado em 1982, coloca-nos, antes de tudo, perante duas questões fulcrais: uma, no que diz respeito ao conteúdo/temática; outra, no que concerne à forma ou, se quisermos, ao processo como narrativamente a escrita se configura.
Assim, em primeiro lugar, estamos perante uma obra que nos questiona sobre a colonização cultural que Portugal vive nos tempos subsequentes ao 25 de Abril de 1974. Um grupo de personagens de caracteres multifacetados, por vezes controversos, mas espelhos de grupos/indivíduos que são identificáveis com os portugueses, mais ou menos desenraizados da jovem democracia, e que procuram uma afirmação cultural entre o que vem do estrangeiro e as suas raízes culturais. Isto mesmo constatamos quando as diversas personagens se socorrem do inglês ou do francês, mas também, de dialectos da língua portuguesa…
Por outro lado, em O Cais das Merendas, estamos perante uma obra literária que rompe com o modus operandi da estética realista, uma vez que ultrapassa os limites da imitação do mundo real; por conseguinte, em O Cais das Merendas estamos entre o real e o irreal, quer por causa da intriga, quer como processo narrativo. Quer isto dizer que, na linha do pós-modernismo, O Cais das Merendas insere-se numa linha descontruccionista dos géneros literários, nomeadamente no que diz respeito à entidade narrativa. Esta é uma voz plural que ora se torna presente, sobretudo quando invoca Rosária – uma personagem/leitora, ou ambas, simultaneamente? – ora desaparece, deixando que uma outra personagem assuma o relato da história. Mas também a mancha gráfica das histórias que se encaixam na narrativa e a pontuação dos diálogos merecem uma atenção especial que ultrapassa os limites deste comentário.
Em suma, O Cais das Merendas inquieta-nos ideologicamente e faz-nos reflectir sobre a nossa identidade cultural. Não deixa de ser curiosa a própria metáfora do título que faz do país um cais à beira-mar plantado, onde os turistas/rurais/trabalhadores se divertem, se encontram e se questionam… Sobre o papel reservado a Portugal no quadro europeu e atlântico? De igual modo, estilisticamente, esta obra pós-modernista requer do leitor uma imbricação, durante o acto de ler, semelhante ao degustar de um excelente néctar…

Leiamos um pequeno excerto:
“A vigésima foi longa, mas de dizer muito breve. Porque daquela vez Sebastião Guerreiro tinha resolvido não alinhar. Ficaria a ouvir as notícias, sentado na cama, uma almofada atrás, à escuta de uma palavra familiar, pelo menos de de som. As insónias estavam a deixá-lo parco. Serviria mesmo thames, hyde park, big bem, ou um simples nome de pessoa como edward, jonhnny, e assim. Não iria. Também porque o mundo era redondo e miss Laura deveria estar em algum dos sítios onde se ouvisse o mesmo, à mesma hora, ou pelo menos semelhante. Não iria. Que fossem. Sabia que estava dispensado sempre que quisesse, mas não queria. E não iria. Escusavam vir fazer toc toc à porta chamando-o. Sebastião. O Alguergue estava deserto, os quartos tão vazios nesse meio-dia, e tão limpos, tão fechados, que pareciam coisas mastabas fazendo figas com as portas. Mas não, não iria. Apenas dois ou três hóspedes solitários, em quartos alternados para se facilitar o contacto sem promover contudo a intimidade forçada. E não iria. Aliás, para ser franco, também não compreendia aquele gosto de fazerem party lá fora, tendo casa asseada e mesa à disposição. Telhado firme a proteger do vento. Poderiam pensar que queria aproveitar a tarde para ver se quem estava nos quartos era homem ou mulher, como antes, mas não, enganavam-se. Depois de miss Laura sentia-se canário a quem tinham tirado o poleirinho do canto. Sem a menor vontade de tomar iniciativas, nem de olhar para outro pássaro. Viessem elas aos bandos e de roupas já de zip aberto. Estava interessado em não ir, não iria.”
Lídia Jorge in O Cais das Merendas, p. 110
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João Paulo Fonseca

terça-feira, 6 de outubro de 2009

As Antigas e Novas Andanças do Demónio - Jorge de Sena

Eis uma passagem do conto "Duas medalhas imperiais com Atlântico". Acho-a uma uma passagem interessante, pois o autor conta uma conversa que ouviu entre dois marujos no barco em que ia a caminho de S. Tomé. É uma passagem bastante cómica e que retrata um pouco a vida de um marujo.

" - E foi então que eu lhe disse que se fodesse.

- Mas você disse isso mesmo, ou é garganta?

- Garganta, com um meco daqueles, sem barba na cara nem pêlos nos colhões? Ali empoleirado na bitácula, mais agoniado que uma pescada, a rir-se de vinte anos que eu tinha já de mar? Se o visses depois em pelota, como eu vi, todo peladinho e cor-de-rosa que até apetecia lambê-lo…

- Mas você quando é que o viu em pelota? Ele despia-se para você ver?

- É que há dos que se despem e dos que não se despem. Ele era dos que se despem.

- Ah, era? E como foi isso?

- Ora, quando passámos a Linha, eu já nesse tempo era o Rei Neptuno, e mandei que ele se despisse todo e desse três voltas ao convés. Até o comandante se torcia de riso.

- E desta vez, quando a gente passou a linha…

- Então tu não viste que este já a passou umas quantas vezes?

- Pois é… E depois que lhe fez V.?

- Eu?... A quem?

- Ao gajo.

- Ah… Quando fizemos escala em Luanda, ele aperaltou-se todo, foi visitar uns amigos que lá tinha, que o levaram e eu fiquei sem saber para onde ele ia. Mas como sabia que ele ia jantar no Hotel, aproveitei para ir limpar a arma, e à noitinha andei-lhe rondando a porta. Quando ele saiu, fui atrás dele. E percebi logo onde ele queria ir, à procura, sem perguntar a ninguém. Então cheguei-me a ele, de repente, no escuro, e disse-lhe: - Vossa Senhoria não sabe o caminho, quer que o leve lá? – Ele parou, olhou para mim com aquela cara de alarve louro qu´inda hoje tem, e disse: - Tu sabes aonde é? – Eu nem lhe respondi e fui andando à frente, danado, e ele atrás. Quando chegámos, eu fiquei-me encostado na porta da sala, a olhar para ele, e ele escolheu uma mulata bem boa e foi para o quarto. Eu então cheguei-me à patroa e disse: - Eu quero ver o que é que esse gajo faz. Foi um cagarim dos diabos.

- E você viu?

- Ora, fazia o mesmo que todos.

Desta vez quase riram alto. E o mais novo insistiu, com a voz trémula do cio: E daí?

- Ah, mas era um caso sério. A mulata até ficou gaga com aquele trabalho."

Bárbara Tavares, Nº6, 11ºD

As Antigas e Novas Andanças do Demónio - Jorge de Sena

O livro que escolhi para ler neste período foi "As Antigas e Novas Andanças do Demónio", de Jorge de Sena, por causa do título que me deixou curiosa por se referir ao demónio. Também fiquei curiosa por se tratar de uma obra de Jorge de Sena que teve uma vida muito injusta e morreu longe do país de que tanto gostava. Espero que esta obra me surpreenda pois o seu título surpreendeu pela diferença.
Bárbara Tavares, Nº6, 11ºD