quinta-feira, 25 de junho de 2009

Cem Anos de Solidão - Gabriel García Marquez

Queria abrir convosco esta janela à Literatura Universal, apresentando-vos um dos maiores escritores sul-americanos da actualidade: Gabriel García Marquez, cuja obra foi agraciada com o Prémio Nobel em 1982. Nasceu em Arataca, na Colômbia, em 1927, tendo dedicado a sua vida ao jornalismo e à política; mas, é, essencialmente, a sua dedicação à escrita, com uma produção narrativa de mais de trinta títulos, que fazem dele um escritor incontornável na literatura universal, nomeadamente, no que respeita ao chamado realismo mágico.
A obra que vos apresento é, sem dúvida, uma das mais conhecidas do autor e relata-nos a vida da família Buendia ao longo de várias gerações e desde a fundação da cidade de Macondo. José Arcádio Buendia e sua mulher Úrsula Iguarán são as personagens centrais da obra: são eles os fundadores da cidade e a referência intemporal para todos os seus descendentes.
Eis um pequeno excerto da obra: “Remedios, a bela, foi a única a permanecer imune à epidemia das bananeiras. Deteve-se numa adolescência magnífica, cada vez mais impermeável aos formalismos, mais indiferente à malícia e à desconfiança, feliz num mundo próprio de realidades simples. Não percebia por que razão as mulheres complicavam a vida com corpetes e saiotes, de modo que coseu um balandrau de canhamaço que enfiava simplesmente pela cabeça e resolvia sem mais delongas o problema de se vestir, sem lhe tirar a impressão de estar nua, que era na sua maneira de ver as coisas, a única forma decente de estar em casa. Aborreceram-na tanto para que cortasse o cabelo e para que fizesse carrapitos com travessas e tranças com laços coloridos, que muito simplesmente rapou a cabeça e fez perucas para santos. O que era espantoso no seu instinto simplificador era que quanto mais se desembaraçava da moda em busca da comodidade, quanto mais passava por cima dos convencionalismos obedecendo à espontaneidade, mais perturbadora se tornava a sua beleza incrível e mais provocador o seu comportamento com os homens.” (Marquez 2003: 186).
João Paulo Fonseca

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