quinta-feira, 25 de junho de 2009

Cem Anos de Solidão - Gabriel García Marquez

Queria abrir convosco esta janela à Literatura Universal, apresentando-vos um dos maiores escritores sul-americanos da actualidade: Gabriel García Marquez, cuja obra foi agraciada com o Prémio Nobel em 1982. Nasceu em Arataca, na Colômbia, em 1927, tendo dedicado a sua vida ao jornalismo e à política; mas, é, essencialmente, a sua dedicação à escrita, com uma produção narrativa de mais de trinta títulos, que fazem dele um escritor incontornável na literatura universal, nomeadamente, no que respeita ao chamado realismo mágico.
A obra que vos apresento é, sem dúvida, uma das mais conhecidas do autor e relata-nos a vida da família Buendia ao longo de várias gerações e desde a fundação da cidade de Macondo. José Arcádio Buendia e sua mulher Úrsula Iguarán são as personagens centrais da obra: são eles os fundadores da cidade e a referência intemporal para todos os seus descendentes.
Eis um pequeno excerto da obra: “Remedios, a bela, foi a única a permanecer imune à epidemia das bananeiras. Deteve-se numa adolescência magnífica, cada vez mais impermeável aos formalismos, mais indiferente à malícia e à desconfiança, feliz num mundo próprio de realidades simples. Não percebia por que razão as mulheres complicavam a vida com corpetes e saiotes, de modo que coseu um balandrau de canhamaço que enfiava simplesmente pela cabeça e resolvia sem mais delongas o problema de se vestir, sem lhe tirar a impressão de estar nua, que era na sua maneira de ver as coisas, a única forma decente de estar em casa. Aborreceram-na tanto para que cortasse o cabelo e para que fizesse carrapitos com travessas e tranças com laços coloridos, que muito simplesmente rapou a cabeça e fez perucas para santos. O que era espantoso no seu instinto simplificador era que quanto mais se desembaraçava da moda em busca da comodidade, quanto mais passava por cima dos convencionalismos obedecendo à espontaneidade, mais perturbadora se tornava a sua beleza incrível e mais provocador o seu comportamento com os homens.” (Marquez 2003: 186).
João Paulo Fonseca

Um livro, a fresca sombra de uma árvore e... tu!

Como vos tinha prometido, a partir de hoje, vamos, aqui no blogue, abrir uma janela à literatura universal.
Assim, ir-vos-ei apresentando algumas sugestões de leitura para as vossas férias, que podereis comentar, se realmente lerdes os livros que vos sugiro.
No entanto, outros podereis (e devereis...) ler.
Aguardo que cada um de vós dê, aqui, notícias das suas leituras!
Boas férias e boas leituras!
João Paulo Fonseca

segunda-feira, 15 de junho de 2009

Maria Adelaide Coelho da Cunha: Doida Não e Não! - Manuela Gonzaga

Todos consideravam o casamento de Maria Adelaide e Alfredo da Cunha exemplar… Ambos tinham uma boa vida: ela era a herdeira do Diário de Noticias, iam a eventos sociais, teatros, faziam várias festas no palácio de São Vicente, (sua casa), e vestia-se sempre muito bem. Mas, quanto ao casamento, não era exemplar, tal como toda a gente pensava, pois o marido passava semanas e meses sem lhe falar e, até pelo que ela sabia, ele já a tinha traído quatro vezes!

Maria Adelaide tinha 48 anos, era baixa, pouco mais que um metro e meio de altura, de corpo franzino e rosto formoso. Tinha um filho de Alfredo da Cunha, José Eduardo Coelho, 26 anos, licenciado em direito por Coimbra.

Com o passar do tempo, Maria Adelaide ficava mais vezes fechada em casa. Só se correspondia por carta com os verdadeiros amigos, dizendo:" estou completamente afastada de tudo e só assim me sinto bem..",pois a sua vida social já não tinha mais interesse. Esta já considerava a vida um suplício, pelo que refere:" a verdadeira felicidade só a morte confere, dando-nos a tranquilidade que a vida nos nega".

Pensava-se que ela andava assim, devido ao facto de estar preocupada com a possível ida do seu filho para a guerra, mas como ele não foi chamado, os médicos alienistas disseram que era devido à menopausa… Mas tudo isto eram apenas suposições, porque o verdadeiro motivo era Manuel Claro, o seu verdadeiro amor e seu chauffer. Manuel Claro era um homem alto, de cabelo negro, levemente ondulado, boca cheia, nariz bem desenhado, modos gentis e correcto com todos.

Por tudo isto, no dia 13 de Novembro de 1918, Maria Adelaide foge de casa para ir ao encontro do seu amado, em Santa Comba Dão.

O desaparecimento de Maria Adelaide causou grande agitação, pois todos pensavam que ela estava morta.

Maria Adelaide abandona uma vida luxuosa e cosmopolita e foge com o motorista de 26 anos. Troca, assim, um magnífico palácio - São Vicente - por um primeiro andar alugado em Santa Comba Dão. Peles, sedas, cetins, jóias por uma saia de chita coberta com um avental grande. Esta manda uma carta ao marido, (conhecida como a carta do lacre verde), para lhe dizer que estava bem e para não a procurar.

Foi a partir desta carta que a encontraram. O seu marido e o seu filho internaram-na no Conde de Ferreira, onde foi posta no pavilhão das criminosas.

Tinha uma empregada só para si e através dela mandava cartas para Manuel Claro. Nunca assinava com o seu nome, pois podia ser descoberta. Com o passar do tempo, foi conhecendo outras pessoas, "companheiras de infortúnio" que, tal como ela, estavam ali "por nada". O caso tornou-se conhecido e foi considerado um escândalo. Isto no início do século XX, porque só os homens tinham o direito de trair a mulher.

Maria Adelaide e uma companheira decidiram fugir. Apesar de ser muito difícil, conseguiram, graças à ajuda de Manuel Claro. Esta fuga deu-se no dia 3 de Fevereiro de 1919. Depois de ter fugido duas vezes de Alfredo da Cunha, Maria Adelaide pensava que ele a deixaria em paz e nunca mais a ia procurar, mas enganou-se!

Foi para o Rossão, uma aldeia onde vivia a família de Manuel, passando ali uns dias maravilhosos. Todos gostavam dela, mas, no dia 15 de Fevereiro, encontraram-na e levaram-na para o Conde de Ferreira , " a sua dor era ainda maior do que da primeira vez, quando à luz do sol, vira projectar-se a sombra de Alfredo da Cunha, percebeu que o seu internamento tinha o sabor acre da vingança".

Volta ao Conde de Ferreira, onde os dias eram todos iguais. Passados dois meses de internamento, o seu filho vai visitá-la para lhe dar a notícia de que iria para o estrangeiro para ser tratada, mas ela não aceitou, pois isso seria abandonar a sua pátria.

Manuel foi preso, pois foi acusado de ter raptado Maria Adelaide. A injustiça continuava a dar sinais de vida…

Levaram-na a uns médicos: Júlio de Matos, pouco simpático, baixo e deselegante, cabelos brancos, ar severo, voz seca e áspera, trai a mulher; Egas Moniz, cabelo preto e muito penteado, é um homem com quem se simpatiza; Sobral Cid, um rapaz de boas figuras, dos três foi o mais simpático, ambiciona subir na vida. Estes três "sábios de Lisboa" fizeram-lhe várias perguntas às quais ela respondeu com lucidez…

Mas a necessidade de confirmarem a loucura de Maria Adelaide era de tal maneira precisa que foram analisar geneticamente os seus antepassados, foram "mexer no pó dos cemitérios". Tudo o que encontraram de doenças nos seus antepassados era sinónimo de loucura, como a diabetes, entre outras… Diagnóstico de Maria Adelaide, "loucura-lucida"… Pois até para se estar louca "é necessário que antepassados tenham sofrido do coração".

Tudo foi feito para que ela fosse dada como louca, pois dizia muitas vezes que estava ali por vingança e não para tratamento. A loucura foi a explicação do crime de amor que cometeu, "antes a julguem louca que desonrada". Todos lhe viraram as costas, pois se tivesse trocado "o meu marido por um conde ou um duque iriam perceber, mas por um homem de classe muito inferior já todos me viram as costas".

Ela considerava o manicómio um autêntico inferno: "cada hora ali passada equivale a um mês de vida que se perde, a comida era horrível, ali devia de haver um viveiro de fanecas fritas e bifes feitos de sola".

No dia 9 de Agosto de 1919, Maria Adelaide foi chamada ao gabinete do director. Sentiu um choque enorme, pois quando a chamavam para lá ir, era para ser vista por médicos alienistas, para mais uma vez confirmarem a sua loucura, porque os que a consideravam louca foram pagos por Alfredo da Cunha para tal.

Mas não!! Desta vez tudo foi diferente. Era o Governador Civil e o seu advogado Bernardo Lucas para lhe darem a boa notícia de que iria ser libertada.

Maria Adelaide, nesse momento, ficou doida, sim, mas de alegria, pois o momento que tanto esperava aconteceu. Nessa tarde, saiu do manicómio e foi para casa de Bernardo Lucas, onde foi muito bem recebida e onde passou a noite num bonito quarto com uma boa cama. Nessa noite, uma sombra lhe turvou a felicidade: Manuel, que estava preso e o seu filho que nunca chorou por ela: " saudades e dores num dia repleto de alegrias inexprimíveis".

A notícia de que Maria Adelaide tinha saído do manicómio espalhou-se rapidamente, o que o seu filho comentou:" uma pobre alienada à solta". Sendo assim, Maria Adelaide já não estava segura em casa de Bernardo Lucas e foram para a Póvoa de Varzim, uma pequena terra de pescadores, onde, pensavam eles, nunca os encontrariam. Na segunda noite na Póvoa, receberam um bilhete para partirem no primeiro comboio que houvesse. Voltaram para casa do advogado, e Maria Adelaide fugiu, não revela para onde," pois nem todas as verdades se dizem".

A polícia de investigação do Porto procura-a por todo o lado. Tinha instruções para a prender e levar de novo para o Conde de Ferreira. Maria Adelaide andava a monte. Vivia da caridade das pessoas amigas, que nunca revela quem são.

Manuel Claro sai da prisão a 28 de Janeiro de 1922 e, à sua espera, tinha Maria Adelaide: Foram viver juntos, numa casa muito modesta, húmida, fria e sem conforto. Manuel torna-se taxista e Maria Adelaide costureira. O casal passava dificuldades. Manuel tinha família muito bem sucedida, no Brasil, que convidou Manuel para ir para lá trabalhar, mas como Maria Adelaide não podia, ele não foi. Se alguma dúvida ainda pudesse restar sobre o amor entre ambos, ficava desfeita. Maria Adelaide afirmou que " recebi do Manuel o respeito e o carinho que Alfredo nunca me deu".

A 21 de Dezembro de 1942 morre Alfredo da Cunha. Seu filho estava desolado e tenta encontrar sua mãe. Descobriu onde ela estava e quis estar com ela. Estava, agora, com 70 anos e a relação deles reatou-se.

Maria Adelaide morreu em 1954 com 84 anos.

Célia Fonseca



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terça-feira, 9 de junho de 2009

O Homem do País Azul - Manuel Alegre

A Senhora do Retrato
O narrador sempre teve um fascínio por retratos a óleo, mas, por outro lado, tinha medo que eles saíssem das molduras e começassem a passear pela casa. Às vezes, à noite, até tinha a sensação que a casa ficava cheia de presenças.
Sempre houve um retrato na casa da sua tia Hermengarda que o deslumbrara, porém todos se recusavam a dizer quem era. Sempre que perguntava à prima Luísa ou à criada Arminda, estas desviavam a conversa.
A relação com a sua tia era muito diferente. Estes entendiam-se e, então, um dia, decidiu perguntar-lhe quem era a senhora do retrato. A tia Hermengarda foi buscar um álbum e, nesse álbum, as fotos eram quase todas da senhora do retrato e do primo Bernardo, que tinha partido para África. A tia disse-lhe que a senhora do retrato se chamava Natália, mas que preferia chamá-la Natacha. Contou-lhe também que Natacha tinha sido a mulher do primo Bernardo, mas no terceiro aniversário de casamento, esta partiu, deixando uma carta a Bernardo e um bilhete com três versos de Florbela Espanca a Hermengarda. Com o dinheiro que tinha herdado do seu pai, Natacha visitou as grandes cidades do mundo e ia dando notícias, mas, com o passar do tempo, era cada vez mais raro saber-se alguma coisa de Natacha.
Um dia, chegou a notícia que Natacha tinha morrido numa clínica em Zurique e, a partir daí, a tia Hermengarda proibiu que se voltasse a falar de Natacha e as visitas do narrador foram cada vez menos frequentes.
A tia Hermengarda morreu no dia em que o narrador entrou para a Universidade e três dias depois o retrato desapareceu. Suspeitou-se de Bernardo ou de Luísa, mas Arminda jurava ter visto Natacha a sair do retrato. Ninguém acreditou nela, porém o narrador, anos mais tarde, acreditará plenamente que Natascha saiu mesmo do retrato. Este era a parte dela que não se tinha perdido e ela precisava dessa parte para, pelo menos na morte, ser inteira.

Ana Luísa Vieira nº4 10ºD

Ensaio Sobre a Cegueira - José Saramago

O Ensaio Sobre a Cegueira é uma crítica aos valores sociais, expondo o caos a que se chega quando a maioria da população cega. Trata-se, porém, de uma cegueira metafórica que revela traços da sociedade contemporânea, vislumbrando-se, assim, a maneira como as pessoas, actualmente, vivem as suas relações sociais.
As personagens não têm nome e são conhecidas por características distintivas: o primeiro cego, o médico, a mulher do médico, a mulher do primeiro cego, a rapariga dos óculos escuros, entre outros tantos que vão aparecendo ao longo do desenrolar da história. História esta que consiste no alastrar de uma epidemia de cegueira branca a partir de um homem que cega, quando espera que o semáforo mude de cor e de todas as consequências vividas, sobretudo, no interior de um hospício abandonado, para onde são conduzidos, de quarentena, os primeiros cegos.
Inexplicável é a imunidade da mulher do médico, porém, a sua intervenção é determinante para todo o grupo que gira à sua volta. Ela é um verdadeiro anjo da guarda para aqueles que com ela partilham a camarata do manicómio abandonado. Mas é, também, uma mulher indomável, pois a sua força de carácter e a sua determinação levam-na a matar o chefe do grupo de violadores que dominava a distribuição dos mantimentos.
Quando, depois de um violento incêndio, abandonam o manicómio, deparam-se com uma cidade completamente abandonada e caótica...

Ana Luísa Silva nº3 10ºD

Os Amantes e Outros Contos - David Mourão-Ferreira

O narrador foge da polícia e corre para casa da pessoa que ama. Quando chega a casa da amada, esta parecia já estar à sua espera e saber o que se estava a passar, pois não lhe perguntou nada e limitou-se a apagar a luz e a acender a lareira. De repente, ficaram os dois diante do lume, abraçados um ao outro, como se não houvesse mundo.
No dia seguinte, a amada pede a um amigo que os deixe ir dormir na sua casa da praia. Nessa noite, o narrador lembra-se de ter deixado a sua arma em cima da mesa que havia no meio da sala e de ter deixado a roupa em cima da arca. De manhã, quando acorda, depois de ter dormido com a amante, vê que lhe falta a sua arma e a roupa não está no sítio onde a deixara.
Então, decidiu ir atrás dela e vê que esta não está em casa, mas repara que existe uma porta de ferro que se encontra, aparentemente, fechada. Porém, o narrador empurra a porta e esta abre-se. Mas essa porta dá para uma sala vazia, apenas com duas simples estantes e alguns álbuns de fotografias antigas, de quando ele era criança. Ao ver isto, o narrador pergunta-se sobre o que é que ela andava a fazer nas suas costas.
O narrador começa a ver os álbuns e vê que, no lugar de onde tinha tirado o primeiro álbum, já aí se encontrava outro álbum de fotografias mais recentes. E, quando vai para pôr no lugar o último álbum, a estante começa a rodar cada vez mais rápido, destruindo tudo. O narrador ajoelha-se e fecha os olhos, enquanto espera que tudo passe. Mas, quando abre outra vez os olhos, ele está, outra vez, na sala da lareira e a sua roupa está, na mesma, em cima da arca e a arma em cima da mesa, mas foi utilizada pois estava meia morna. O conto acaba com a seguinte frase: "E finalmente deito-me a teu lado. Não sei bem se a teu lado ou se dentro de ti."

Cátia Morais

A Viagem do Elefante - José Saramago

O elefante Salomão, renomeado Solimão por quem pôde fazê-lo, veio da Índia para Lisboa e cá esteve mais de dois anos. Não sabemos porque veio. Esteve em Belém e, depois de ter sido alvo de todas as atenções, foi perdendo a aura que a novidade empresta e que durante algum tempo lhe trouxe frequentes e até ilustres visitas.
Quando o rei D. João III de Portugal resolve oferecer o elefante a seu primo, o arquiduque Maximiliano da Áustria, genro do imperador Carlos V, resolve dois problemas de uma assentada: encontrar um presente de excepção à altura do presenteado e dar um destino ao elefante.
Vai encontrar o elefante e o seu cornaca Subhro, que veio a ser Fritz, no cercado em que ambos moravam em Belém, exibindo triste condição, denunciadora do esquecimento que foi caindo sobre eles, e longe da imagem de dignidade exigida a um presente para as excelsas figuras do arquiduque e sua esposa.
É posta imediatamente em marcha uma operação de asseio e, conhecida a aceitação do presente por parte do presenteado, o rei faz constituir, sem mais demoras, uma extensa comitiva para prover às necessidades de Salomão durante a viagem e às exigências diplomáticas da missão.
A comitiva põe-se em marcha em direcção à fronteira espanhola em Castelo Rodrigo, onde se encontrarão com o exército austríaco. Após alguma tensão entre os dois exércitos quanto à entrega do presente, Salomão acaba por sair dali sob a responsabilidade duma comitiva mista, portuguesa e austríaca, em direcção a Valladolid, de onde, pouco depois, prosseguirá viagem para Viena de Áustria, já na companhia dos seus novos donos.
O elefante morreu quase dois anos depois de ter chegado a Viena de Áustria, outra vez Inverno, no último mês de mil quinhentos e cinquenta e três. A causa da morte não chegou a ser conhecida, ainda não era tempo de análises ao sangue, radiografias do tórax, endoscopias, ressonâncias magnéticas e outras observações que hoje são o pão de cada dia para os humanos, não tanto para animais, que simplesmente morrem sem uma enfermeira que lhes ponha a mão na testa.
Além de o terem esfolado, a Salomão cortaram-lhe as patas dianteiras para que, depois de todos os tratamentos, servissem de recipientes à entrada do palácio, para depositar bengalas, os bastões, os guarda-chuvas e as sombrinhas de Verão.
Os sucessos da viagem e as personagens que surgem no caminho, as dificuldades enfrentadas pelo elefante e pela comitiva por essa Europa acima em direcção à Áustria, por caminhos de terra e de mar, são uma metáfora da vida e da humanidade.

Andreia Tomás

De Profundis, Valsa Lenta - José Cardoso Pires

Numa manhã de Janeiro, José Cardoso Pires/narrador tinha-se esquecido de quem era. Edite, a sua esposa, fica muito preocupada e chama uma ambulância. José ficara sem memória, o que ele denomina de "morte branca".
No hospital, acontecem muitos fenómenos estranhos. José tinha dificuldade em ler, principalmente a palavra BANHOS, que estava numa placa, e que ele lia sempre ao contrário. Trocava, com frequência o nome das pessoas. Chamava a sua filha Rita de rua.
Até que, numa manhã, José apercebe-se de que tudo se tornara concreto, tinha reencontrado a sua memória. Naquele momento, José decide observar os seus colegas de quarto, o Ramires e o Martinho. Eles conversavam sobre as suas doenças e contavam piadas para não terem tanto medo da morte. No final do dia, José volta para casa.

Filipa Carreira nº10 10ºD



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segunda-feira, 8 de junho de 2009

Os Pescadores - Raul Brandão

Nesta obra, o autor mostra-nos uma obsessão pela morte, referindo que todos os pescadores que iam para o mar morriam lá, por falta de condições, porque os barcos eram de madeira, sem condições e era muito fácil afundarem-se.
O autor foca também três aspectos muito importantes que são: a vida, a morte, e o trabalho.
A vida, porque é a vida dos pescadores e dos seus filhos, o trabalho por que eles passavam e elas, as mulheres dos pescadores, que cuidavam dos filhos, dos campos e da casa.
Esta obra narra-nos uma viagem ao longo da costa portuguesa, de Caminha até Sagres, passando pela Foz do Douro, que era a terra de Raul Brandão.
O avô materno de Raul Brandão partiu para o mar, quando a sua avó Margarida tinha vinte anos. Esta passava os dias todos à beira-mar a pentear os seus longos cabelos e a fazer renda. Quando morreu, os seus cabelos já estavam brancos.
O capitão, enquanto passeava à beira do cais, discutia com três velhotes e marinheiros que estavam sentados no banco de pedra sem fazer nada. Certo dia, os pescadores ouvem uma voz e vêem uma luz. Decidem, então, seguir a luz e vêem que são pescadores a pedir ajuda, pois tinham visto uma manca negra ao cimo da água e pensaram que era uma pessoa morta, mas não, eram toninhas que andavam atrás da sardinha.
O peixe era tranportado em canastras e depois era vendido pelas mulheres que levavam o peixe nas canastras à cabeça.

A mulher que andava vestida com roupa preta, fazia para simbolizar que o seu marido já tinha morrido no mar, pois ja não vinha a casa há muito tempo.
O peixe era comprado muito barato aos pescadores e depois era vendido muito caro nas cidades do Porto e Lisboa.



Vânia Morais nº25 10ºE



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sábado, 6 de junho de 2009

Viagens na Minha Terra - Almeida Garret

A história de Carlos e Joaninha

É a história de uma velhinha que vive sozinha com a sua neta Joaninha. A rapariga tem um primo, filho da única filha da avó, que já falecera.

Todas as semanas, Frei Dinis vinha visitá-las e, algumas vezes, trazia notícias de Carlos que, há já algum tempo, fazia parte do séquito de D. Pedro. Só que a maneira como Frei Dinis falava de Carlos dava para perceber a existência de um segredo, entre os dois. Em 1830, Carlos formou-se em Coimbra e só então visitou a família. Carlos pressentia que Frei Dinis e a avó mantinham um segredo.

Carlos tinha um caso amoroso com D. Georgina. No entanto, a guerra civil progredia por meados de 1833. Os Constitucionalistas tinham tomado a Esquadra de D. Miguel e Lisboa estava em poder deles. No dia 11 de Outubro, os soldados estão todos à volta de Lisboa, as tropas constitucionais vinham no encalço das tropas realistas e, numa batalha sangrenta, muitos ficaram feridos. A casa de Joaninha foi tomada por soldados realistas que vigiavam a passagem dos constitucionais. Numa das suas andanças, Joaninha encontra Carlos. Ele pede que não diga que ali está, mas abraçam-se e trocam juras de amor ali mesmo.

Só que Carlos sabia que Georgina o esperava, e a sua mente torna-se confusa, pois já não sabia se amava Georgina.

Com Carlos ferido e prisioneiro perto do vale onde morava Joaninha, ela foi inúmeras vezes vê-lo e ajudá-lo. Foi assim que conheceu Georgina.

Certo dia, Carlos, depois de muita insistência de Joaninha, foi ver a avó e ficou surpreso com a sua cegueira. Por lá encontrou Frei Dinis. Enquanto permaneceu por perto, Carlos e Joaninha mantiveram um tórrido romance. Mas, Carlos, já refeito dos ferimentos, seguiu para a tropa e antes passou na casa da avó para se despedir. Implorou que ela lhe contasse a verdade sobre o tal segredo.

Então, Dona Francisca contou que Frei Dinis era pai de Carlos, que a sua mãe tinha morrido de desgosto e que, para se defender, Frei Dinis matara o pai de Joaninha e o marido da sua amante. Com isso Carlos parte, deixando Joaninha desolada. Georgina ajuda-as antes dela própria voltar a Inglaterra, pois Carlos já não a ama.

Carlos escreve à prima contando todo o seu romance com Georgina, o que para a moça foi um impacto terrível.

Mais tarde, Carlos fez-se Barão. Georgina virou Abadessa. Joaninha enlouqueceu e morreu. Frei Dinis foi quem cuidou da velha senhora até à morte.

Bárbara

quinta-feira, 4 de junho de 2009

O Malhadinhas - Aquilino Ribeiro

Uma rapariga de boas famílias ficou encantada com o padre da sua freguesia, pois ele era bonito e muito apresentável. Quando isto foi descoberto, quiseram correr com o padre dali. O pai da rapariga não consentia que ela se tivesse apaixonado pelo padre. Era um amor proibido.
Era Abril e o Malhadinhas pôs-se a caminho de Arouca para comprar azeite, pois tinha ouvido uns rumores de que este era muito bom. Quando lá chegou, encontrou um velho amigo que já não via há muito tempo e que o acusou de lhe ter dado uma pedrada. O Malhadinhas não tinha percebido que ele estava a falar de quando lhe tinha dado de beber há uns tempos atrás, quando ele tinha sede. O seu amigo queria, agora, agradecer-lhe tal favor. Para isso, convidou-o para almoçar em sua casa e este aceitou. Já em casa do amigo, sentou-se à mesa e quando se preparava para comer conheceu a filha deste. Ficou logo encantado, pois dizia parecer uma fidalga de tão bonita que era.
Quando se preparava para ir embora, recebeu outro convite do amigo. Queria que ele ficasse para o baile e o Malhadinhas acedeu. A filha do amigo não o largava, mas o Malhadinhas não sabia que ela tinha noivo.
Na festa, alguns rapazes começaram a praticar algumas lutas e o Malhadinhas pôs-se de parte, porém, o noivo dela desafiou-o e ele aceitou. No fim, todos disseram que não havia vencedor nem vencido, mas estavam enganados, porque o Malhadinhas tinha ganho o desafio, pois quando mandou o seu rival apertar os botões do casaco, este não os tinha, porque o Malhadinhas lhos tinha tirado durante a luta.
No fim, o amigo convidou o Malhadinhas a pernoitar em sua casa, pois queria que conhecesse as fazendas. Ele, mais uma vez, aceitou. Quando lhe pediu para medir o azeite que tinha ido comprar, o amigo recusou-se, pois queria que ele passasse o Domingo com ele.
Nessa noite, a filha do amigo foi mostrar-lhe o quarto onde ele ia ficar e, ao despedirem-se, ele disse-lhe que ia sonhar com ela, mas a rapariga respondeu-lhe que não acreditava. Ele tanto insistiu na ideia que a rapariga acabou por, também ela, dizer que iria sonhar com ele.
Na manhã seguinte, ao acordar, O Malhadinhas deu por si a pensar noutra pessoa, a sua prometida, que tinha deixado para trás, quando partira para comprar azeite.
Ao voltar à sua terra, ele pediu à sua prometida que fosse dar um passeio com ele e ela aceitou, mas receosa. Quando descobriu as intenções dele, já era tarde demais e acabaram por passar a noite fora de casa.
No dia seguinte, foram pedir a um padre que conheciam que os casasse, pois o tio da rapariga já andava atrás deles. Depois de convencerem o padre, este levou-os para uma igreja e casou-os, mesmo sabendo que era contra a vontade do tio.
(...)
Inês Beatriz, nº 13 10ºD

A Cidade e as Serras - Eça de Queirós

A Cidade e as Serras é uma história narrada por José Fernandes. Assim, ele relata os acontecimentos vividos com o seu amigo Jacinto, dando mais ênfase aos do seu amigo. José Fernandes e Jacinto, conhecidos de Tormes, ligam-se por amizade fraternal, em Paris.
Jacinto sempre morou num palácio, nos Campos Elíseos, número 202. Era rico, inteligente e dedicava toda a sua actividade ao conhecimento.
Detestava o campo e amontoou, no seu quarto, grande quantidade de livros sobre as conquistas filosóficas e científicas e sobre os aparelhos tecnicamente mais sofisticados da época. E, para Jacinto "o homem só é superiormente feliz quando é superiormente civilizado".
Zé Fernandes era exactamente o contrário. Era um homem simples e que preferia o campo.
Jacinto era um homem muito ocupado, rodeado de toda a tecnologia e conhecedor de altas personalidades e por elas tratado como o "Príncipe da Grã-Ventura".
No entanto, depois de viver no meio de tanta civilização e inovação, desencantou-se de tudo isto, devido, por exemplo, ao barulho que o afectava quando andava na rua e, também, por causa das multidões que o afligiam.
Acaba por redescobrir a felicidade no campo (em Tormes), mudando radicalmente de ideias no que diz respeito à vida no campo. Adapta-se, então, ao campo e não mais volta a Paris.

Ana Patrícia, nº4, 10ºE

quarta-feira, 3 de junho de 2009

A Aparição - Vergílio Ferreira

Eu escolhi este livro, porque o título me despertou a atenção. Pelo que li, acho que o livro é muito interessante.

A personagem principal é Alberto Soares, que é um narrador participante. Ele era o único filho solteiro do Dr.Álvaro Soares e de D. Susana; Dr.Moura, um ex-colega do pai de Alberto e que vai ser a personagem que o introduz na família; Alberto Soares é alguém que relativiza a figura de Deus; Ana é a filha mais velha do Dr.Moura; Alfredo Cerqueira é o marido de Ana; Sofia é a segunda filha do Dr.Moura; Cristina é a filha mais nova; Carolina é discípula de Alberto; Chico é o oposto de Alberto.

Alberto, já velho, no casarão da aldeia, fica a relembrar o passado. Um passado mais distante, a infância e outro, mais recente, de professor recém formado que vai trabalhar em Évora. Este relembra como se deu a morte do pai, ocorrida por síncope cardíaca em plena ceia de Natal.

Relembra várias pessoas: os irmãos, Tomás, o filho mais próximo do pai, e Evaristo, mais próximo à mãe. Relembra ainda, da sua infância, a perda do seu cão Mondego, cão vira-lata que o adoptara e cuja morte é causada pelas pedradas de Evaristo. O pai, vendo o sofrimento que os ferimentos causaram ao animal, decide pedir a um empregado que o sacrifique para diminuir a sua pena. A sua mãe morreu algum tempo depois do seu pai. Ela morrera serenamente, mais de velhice do que por outra causa qualquer.

Alberto conhece na cidade o Dr. Moura, amigo do pai, que era médico. A família do Dr. Moura é constituída pela esposa e pelas filhas Ana, a filha mais velha, que é casada com Alfredo, irónico e seguro das suas opiniões e Sofia, jovem, que começa a ter aulas particulares com Alberto Soares, para resolver as suas dificuldades no colégio.

Cristina, a filha mais nova, de apenas 7 anos, aprendia a tocar piano, e, antes do jantar, todas as noites tocava para todos, principalmente, para o seu pai.

Chico é o homem mais materialista e objectivo e pouco afeito ao discurso metafisico e existencialista de Alberto Soares. O reitor repreende-o por propror redacções sobre temas existencialistas aos alunos, pois isso tem diminuído a criatividade e aumentado as suas angústias.

No desenrolar das aulas particulares que dá a Sofia, acaba por surgir um relacionamento amoroso que é mantido escondido do Dr. Moura. Um sobrinho de Chico Carolino tem um papel importante no desenvolvimento desta história.Carolino era o aluno mais atento nas aulas de Literatura e o mais afeito ao discurso do professor. O seu apelido era o Bexiguinhas. Devido às suas bexigas, este sentia-se inferiorizado.

Durante as férias do Natal, Tomás deixa Évora e vai para a aldeia, onde fica no casarão paterno, para poder tratar da partilha dos bens paternos entre os três irmãos. Tomás, na sua simplicidade, enfada-se com a complexidade com que Alberto trata o tema e rebate-o. Isto, para Alberto, soa como espécie de epifania. Alberto aluga uma casa no alto de S.Bento, onde passa o tempo em meditações.

Alberto, Alfredo, Ana, Cristina e outros tinham ido passear no dia de Carnaval e, na volta, Alfredo que conduzia, perde a direcção do automóvel, bate contra uma árvore, e causa a morte à pequena Cristina. Esta morte foi traumática para a irmã mais velha, pois esta não podia ter filhos, então via a irmã como uma filha.

Carolino, enciumado pela indiferença de Sofia, decide resolver a sua questão amorosa pela violência e planeia matar o professor Alberto com uma faca. Na luta, o professor Alberto desarma o Bexiguinhas e este põe-se a fugir. Este, humilhado, não desiste e tenta matar Sofia. Desta vez conseguiu o que queria: assassinou a sua namorada e fugiu, mas sem sorte, pois é preso e considerado demente. Toda esta situação força Alberto a deixar Évora, por uns tempos, e vai para fora, onde se casa, adoecendo e assim deixando o ensino.

Cátia Barbosa 10ºE Nº26




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