quinta-feira, 17 de dezembro de 2009

O Encoberto - Natália Correia

Toda a história do livro que li gira à volta da personagem Bonami-rei que se faz passar pelo rei D.Sebastião, que tem o cognome de "O Encoberto" ou "O Desejado", daí o título do livro. Contudo, penso que toda esta histórica dramática tem uma mensagem que se depreende das várias críticas com que nos deparamos ao longo do livro. Uma crítica a um povo crente, inocente, iludido e burro que não quer ver a realidade, e, ao mesmo tempo, uma crítica a uma nobreza falsa, interesseira, que só pensa em dinheiro. Esta crítica é feita, no caso do povo, pelo licenciado, uma personagem que é morta precisamente por fazer esta crítica. No caso da nobreza, esta crítica é feita por Cristóvão de Moura, vice-rei de Portugal. A crítica ao povo está presente no acto I, quando é visível que o povo acredita verdadeiramente que Bonami é D.Sebastião; e a crítica à nobreza está presente no acto II, quando esta classe social muda de ideias em relação ao destino do rei, consoante as ideias dos banqueiros. Isto porque os banqueiros adiantavam o dinheiro e, caso não libertassem Bonami, não financiariam.
Ao longo desta obra existe um paralelismo, uma comparação entre Bonami-rei e Jesus Cristo. Esta comparação - intertextualidade - é marcada por vários episódios da obra, bem como por frases semelhantes às da Bíblia. Ju-Ju, personagem que aparece no acto II, pode ser também comparada a Maria Madalena. Esta comparação é visível quando Ju-Ju lava com lágrimas os pés de Bonami, tal como Maria Madalena fez a Jesus Cristo. É também visível quando Bonami diz "Bebei do meu sangue", tal como Jesus Cristo disse aos apóstolos na última ceia. É também Ju-Ju que defende Bonami perante o povo, tal como fez Maria Madalena com Jesus Cristo. Também
Bonami se deixou morrer pelo povo, como o filho de Deus. E, já no fim da obra, também Bonami desapareceu do túmulo ao terceiro dia, tal como o Messias. Este desaparecimento é conhecido por Ju-Ju, mais uma vez, no papel de Maria Madalena. O povo continua assim a acreditar no regresso do rei, tal como também um povo, há 2009 anos atrás, acreditava no regresso de um Salvador.

Ana Patrícia, 11.ºE

1 comentário:

Unknown disse...

Gostei muito desse resumo. Fez-me entender melhor o que já havia lido sobre a obra.