sábado, 1 de novembro de 2008

O Mistério da Estrada de Sintra - Eça de Queirós e Ramalho Ortigão

O excerto que eu gostei mais foi o seguinte:

" A voz que nos guiara respondeu:

- Leva.

Demoramo-nos um momento. A porta por onde havíamos entrado foi fachada à chave, e o que nos servira de cocheiro passou para diante dizendo:

- Vamos!

Demos alguns passos, subimos dois degraus de pedra, tomamos à direita e entramos na escada. Era de madeira, íngreme e velha, coberta com um tapete estreito. Os degraus estavam desgastados pelos pés, eram ondeados na superfície e esbatidos e arredondados nas saliências primitivamente angulosas. Ao longo da parede, do meu lado, corria uma corda, que servia de corrimão, era de seda e denotava ao tacto pouco uso. Respirava-se um ar húmido, impregnado das exalações interiores dos prédios desabitados. Subimos oito ou dez degraus, tomamos a esquerda um patamar, subimos ainda outros degraus e paramos num primeiro andar.

Ninguém tinha proferido uma palavra, e havia o que quer que fosse de lúgubre neste silêncio que nos envolvia como uma nuvem de tristeza.

Ouvi então a nossa carruagem que se afastava, e senti uma opressão, uma espécie de sobressalto pueril.

Em seguida rangeu uma fechadura e transpusemos o limiar de uma porta, que foi outra vez fechada à chave depois de havermos entrado.

- Podem tirar os lenços. – Disse-nos um dos nossos companheiros.

Descobri os olhos. Era noite.

Um dos mascarados raspou um fósforo, acendeu cinco velas numa serpentina de bronze, pegou na serpentina, aproximou-se de um móvel que estava coberto com uma manta de viagem, e levantou a manta.

Não pode conter a comoção que senti, e soltei um grito de horror.

O que tinha diante de mim era o cadáver de um homem."

Eu escolhi este excerto, porque é um momento de mistério uma vez que o médico não sabia para onde estava a ser levado.

É um excerto fascinante e arrepiante: quando ele vê o cadáver de um homem a sua frente! Ele pensava que iria fazer outra coisa, como ajudar uma senhora a ter um filho, mas quando lá chega, o mascarado mais alto acende a luz e quando ele olha, vê um cadáver. Ele fica perplexo.

Este excerto é espectacular.

É partir daqui que se desenvolve a história.

Telma Coelho; Nº 23

10º ano




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