sábado, 20 de março de 2010

poema

Vegetal e só

 

É Outono, desprende-te de mim,

 

Solta-me os cabelos, potros indomavéis

Sem nenhuma melancolia

Sem encontros marcados

Sem cartas a responder

 

Deixa-me o braço direito,

O mais ardente dos meus braços,

O mais azul

O mais feito para voar.

 

Devolve-me um rosto de verão

Sem febre de tantos lábios,

Sem nenhum rumor de lágrimas

Nas pálpebras acesas.

 

Deixa-me só, vegetal e só,

Correndo como um rio sem folhas

Para a noite onde há mais bela aventura

Se escreve exactamente sem nenhuma letra

 

                          Eugenio de Andrade

 

 

 

 

Vânia Morais, nº 25, 11ºE



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