Vegetal e só
É Outono, desprende-te de mim,
Solta-me os cabelos, potros indomavéis
Sem nenhuma melancolia
Sem encontros marcados
Sem cartas a responder
Deixa-me o braço direito,
O mais ardente dos meus braços,
O mais azul
O mais feito para voar.
Devolve-me um rosto de verão
Sem febre de tantos lábios,
Sem nenhum rumor de lágrimas
Nas pálpebras acesas.
Deixa-me só, vegetal e só,
Correndo como um rio sem folhas
Para a noite onde há mais bela aventura
Se escreve exactamente sem nenhuma letra
Eugenio de Andrade
Vânia Morais, nº 25, 11ºE
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