sábado, 4 de julho de 2009

O Alquimista - Paulo Coelho

Paulo Coelho é um escritor brasileiro, nascido em 1947, no Rio de Janeiro. Antes de se tornar num escritor consagrado a nível mundial – terá vendido até hoje cerca de 100 milhões de exemplares – dedicou-se à escrita de letras para canções, foi actor de teatro e jornalista.
Uma das suas obras mais conhecidas, O Alquimista, é também a obra literária brasileira mais vendida de sempre. Segundo o site oficial do autor, O Alquimista “Chegou ao primeiro lugar da lista dos mais vendidos em 74 países, e vendeu, até o momento, 35 milhões de exemplares. Este livro lhe rendeu em 2008 Prémio Guinness World Record pelo livro mais traduzido no mundo (67 idiomas).
Eis um pequeno excerto de O Alquimista que, desde o primeiro momento, nos prende e nos leva à complexa descoberta da nossa própria personalidade em confronto com as coisas simples da vida. Juntamente com o seu protagonista, partimos numa longa viagem metafórica, de auto-descoberta nunca terminada, mas que vale sempre a pena…

“- E qual é a maior mentira do mundo? – indagou o rapaz.
- É esta: em determinado momento da nossa existência, perdemos o controlo das nossas vidas, e ela passa a ser governada pelo destino. Esta é a maior mentira do mundo.
- Comigo não aconteceu isso – disse o rapaz. – Queriam que eu fosse padre, e eu resolvi ser pastor.
- Assim é melhor – disse o velho. – É porque gostas de viajar.
«Ele adivinhou o meu pensamento», reflectiu o rapaz. O velho, entretanto, folheava o livro grosso, sem a menor intenção de devolvê-lo. O rapaz notou que ele vestia uma roupa estranha; parecia um árabe, o que não era raro naquela região. A África ficava apenas a algumas horas de Tarifa; era só cruzar o pequeno estreito num barco. Muitas vezes apareciam árabes na cidade, que faziam compras e rezavam orações estranhas várias vezes por dia.
- De onde é o senhor? – perguntou.
- De muitas partes.
- Ninguém pode ser de muitas partes – disse o rapaz. – Eu sou um pastor e vou a muitas partes, mas sou de um único lugar, de uma cidade perto de um castelo antigo. Foi aí que nasci. […]
As pessoas dizem coisas muito estranhas, pensou o rapaz. Às vezes é melhor estar com as ovelhas, que são caladas, e apenas procuram alimento e água. Ou é melhor estar com os livros, que contam histórias incríveis sempre nas horas em que a gente as quer ouvir.” (Coelho 1988: 32)

João Paulo Fonseca